
O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
A queda do primeiro-ministro da França, François Bayrou, nesta segunda-feira (8), aprofunda ainda mais a crise política e econômica que o governo de Emmanuel Macron enfrenta há quase dois anos. Bayrou solicitou um voto de confiança à Assembleia Nacional, mas foi derrotado por ampla margem: 364 votos contra e 194 a favor.
Este é, aliás, o segundo premiê a deixar o cargo em apenas nove meses. Seu antecessor, Michel Barnier, também caiu pelas mesmas razões, tentando resolver as contas públicas do país. Considerando os sete anos de Macron à frente da presidência, Bayrou é o sexto a ocupar o posto de primeiro-ministro — e o quarto em menos de dois anos.
Outro ponto que chama atenção é o perfil dos últimos ocupantes do cargo: após a queda de um conservador — Barnier — e de um centrista — Bayrou —, analistas políticos franceses apostam que Macron deve recorrer a um nome vindo das fileiras socialistas. Na semana passada, o próprio presidente defendeu a necessidade de "olhar para a esquerda" e buscar diálogo com a oposição.
Entre os possíveis nomes, jornais franceses destacam Olivier Faure, que atualmente ocupa um papel de destaque no Partido Socialista (PS). Ele ocupou importante cargo no partido, mas enfrenta resistência entre os setores mais radicais da esquerda. Jean-Luc Mélenchon, uma das principais vozes durante o processo das eleições antecipadas do ano passado — que beneficiaram Macron —, declarou que não apoiará a candidatura de Faure e pediu a renúncia de Macron.
Em outro espectro político, aparece o nome de Bruno Retailleau, líder do partido Os Republicanos (LR), desponta como uma alternativa à extrema-direita de Marine Le Pen (Reagrupamento Nacional). No entanto, ele afirmou que não é candidato ao cargo.
Diante da crise e da indefinição sobre o novo primeiro-ministro, Boris Vallaud, presidente do PS, criticou Macron, afirmando que o presidente é o principal responsável pela situação que o país enfrenta. Já a decana Marine Le Pen pediu a dissolução do parlamento e a convocação de novas eleições — uma medida que, até o momento, foi descartada pelo Palácio do Eliseu.
O gabinete de Bayrou informou que ele apresentará sua renúncia a Macron na manhã de terça-feira (9). O governo afirmou que o nome do sucessor será anunciado nos próximos dias.
Atenção também para os desdobramentos: sindicatos e movimentos sociais convocaram protestos massivos contra os cortes para quarta-feira (10) e uma greve nacional para o dia 18.





