
O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Desde o anúncio do bombardeio americano contra instalações nucleares iranianas, um rosto que tem aparecido constantemente ao lado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é o do secretário de Defesa, Pete Hegseth.
Veterano da Guarda Nacional americana, Hegseth ganhou notoriedade nacional ao se tornar comentarista e apresentador de televisão nos EUA. Além de seu histórico militar, é conhecido por visões ideológicas mais extremas e por críticas contundentes a instituições internacionais.
Ainda como estudante de Ciência Política na Universidade de Princeton, já demonstrava ideias ideológicas conservadoras. Como oficial de infantaria, serviu no Iraque e no Afeganistão, sendo condecorado com prêmios como a Estrela de Bronze pelos serviços prestados. Também participou de operações em Guantánamo.
Após os anos de combate, liderou organizações voltadas a ex-combatentes, como a Vets for Freedom e a Concerned Veterans for America.
Em 2012, entrou na política e concorreu ao Senado pelo estado de Minnesota, mas não foi eleito.
Dois anos depois, em 2014, passou a integrar o time de comentaristas da Fox News. Em 2017, tornou-se apresentador da emissora, que é amplamente conhecida por seu viés editorial conservador e alinhado ao presidente Trump.
Durante o primeiro governo do republicano, apoiou abertamente o presidente e defendeu pautas polêmicas, como o perdão a soldados acusados de crimes de guerra.
Na vida pessoal, Hegseth também enfrentou episódios conturbados. Há registros de processos envolvendo alegações de abuso doméstico, consumo excessivo de álcool e até o pagamento de US$ 50 mil a uma mulher que o acusou de agressão sexual.
Ainda no final do ano passado, quando foi anunciado para o cargo, já era apontado como um nome que traria mudanças significativas ao comando do Pentágono. Analistas, à época, o classificavam como defensor de uma política mais nacionalista e isolacionista.
Hegseth tem sido um crítico contundente das políticas de inclusão nas Forças Armadas. Segundo ele, a participação de mulheres em combate e as políticas de diversidade teriam enfraquecido a eficácia militar. Ele também se opõe à presença de pessoas transgênero nas forças armadas, alegando que causam "complicações logísticas".
Além disso, é abertamente crítico a instituições internacionais, como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Em seu livro American Crusade (Cruzada Americana), afirmou: “A Otan não é uma aliança, mas um acordo de defesa para a Europa, pago e apoiado pelos Estados Unidos”, e defendeu seu desmantelamento.