
O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Desde o início do conflito entre Israel e Irã, na última quinta-feira (12), líderes mundiais têm trocado farpas nas redes sociais e em declarações, principalmente ao longo desta semana. Os principais expoentes dessa digladiação virtual são o presidente americano, Donald Trump, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Netanyahu sugeriu na segunda-feira (16) que assassinar Khamenei "acabaria com o conflito".
— Isso não vai escalar o conflito, vai acabar com o conflito — disse Netanyahu em entrevista à ABC News, ao ser questionado sobre um suposto plano israelense para matar o aiatolá.
Também na segunda, Trump disse, na rede social Truth Social, que todos em Teerã deveriam evacuar a cidade imediatamente. Ocorre que a capital capital iraniana tem 10 milhões de habitantes, ou seja, não seria fácil.
Na terça-feira (17), afirmou: "agora temos o controle total e completo dos céus do Irã". Apesar de Trump não assumir oficialmente seu envolvimento no conflito, a maioria de suas falas é na primeira pessoa do plural — "nós".
Horas depois, disse que Khamenei era "um alvo fácil" e acrescentou: "Não vamos matá-lo, pelo menos não por enquanto".
E continuou suas farpas nas redes socias: "RENDIÇÃO INCONDICIONAL!".
A última frase incomodou Khamenei, que também protagonizou falas ásperas contra Trump e contra Netanyahu. Ainda na terça, disse não ter piedade dos israelenses.
— Precisamos dar uma resposta firme ao regime terrorista sionista. Não teremos piedade dos sionistas.
Outra mensagem que gerou agitações nas redes sociais foi na noite desta terça-feira (17), quando escreveu:
— Em nome de Haidar, a batalha começa. Ali retorna a Khaibar com seu Zulfiqar.
Haidar é um nome frequentemente usado para Ali, que os muçulmanos xiitas consideram imã e sucessor do profeta Maomé. Khaibar se refere a um lugar com importância na história islâmica. Já Zulfiqar pode se referir a uma espada lendária associada ao imã Ali.
Nesta quarta-feira (18), Ali Khamenei, afirmou que uma eventual intervenção militar dos Estados Unidos no conflito com Israel traria “danos irreparáveis”.
— Pessoas inteligentes que conhecem o Irã, a nação iraniana e sua história jamais falarão com esta nação usando essa linguagem ameaçadora, porque a nação iraniana não se renderá. O povo iraniano está resistindo a uma guerra que foi imposta, assim como resistirá a uma paz imposta.
Mais tarde, no X, seguiu:
— O presidente dos EUA nos ameaça. Com sua retórica absurda, ele exige que o povo iraniano se renda a ele. [...] A nação iraniana não se assusta com tais ameaças. A nação iraniana também se opõe firmemente a qualquer paz imposta.
Também nesta quarta, em conversa com jornalistas nos jardins da Casa Branca, Trump afirmou que o Irã conta com muitos problemas e querem negociar:
— E eu disse: por que vocês não negociaram comigo antes de todas essas mortes e destruição? Por que vocês não foram? Eu disse às pessoas: por que vocês não negociaram comigo duas semanas atrás? Vocês poderia ter se saído bem. Vocês teriam um país.
Também deixou em aberto a questão de se os Estados Unidos se juntarão aos ataques israelenses contra o Irã:
— Talvez eu faça, talvez não. Quer dizer, ninguém sabe o que vou fazer — disse Trump.
Não está claro sobre a participação americana no conflito, entretanto Netanyahu disse nesta quinta-feira (19) que os EUA têm ajudado muito Israel.
— Eles estão participando da proteção dos céus de Israel e suas cidades. Acho que é uma cooperação notável — disse durante visita ao Centro Médico Soroka, na cidade de Beer Sheva, que foi danificado por ataques iranianos nesta madrugada.