
A primeira manifestação governo dos EUA, após o ataque de Israel ao Irã, que deu início a atual fase da guerra no Oriente Médio, foi do secretário de Estado, Marco Rubio, que afirmou que os americanos não estavam envolvidos na ação e que só estavam preocupados com a segurança de suas estruturas na região.
Parecia que o país estava tentando desviar qualquer responsabilidade pelos episódios que, nos últimos dias, levaram o mundo a entrar em suspense com o risco de uma guerra total. Horas depois, o presidente Donald Trump veio a público dizer que o Irã deve chegar a um acordo nuclear "antes que não sobre mais nada". Neste domingo, deixou aberta a possibilidade de os EUA se envolverem no conflito.
Mas quais os riscos envolvidos na crise, caso os americanos ingressem na guerra? Sem dúvida, a situação se agravaria ainda mais, uma vez que não só o poder de fogo dos EUA é imensamente maior, como também obrigaria outros países, por enquanto silenciosos (como Rússia e China), a se envolverem, em apoio ao Irã. Os aiatolás disseram que não têm como alvo os americanos - mas bastaria um erro de cálculo - sempre ele, um míssil iraniano, por exemplo, matando um cidadão dos EUA em Israel -, para que os EUA se envolvessem. Ou mesmo uma embaixada ou consulado dos EUA atingido por um dos braços armados iranianos, como Hamas, Hezbollah ou os Houthis.
Por outro lado, Israel só conseguiria cumprir seu objetivo alegado, de neutralizar o programa nuclear iraniano, com o apoio militar dos EUA - caças israelenses atingiram a usina de Natanz, mas não conseguem destruir, por exemplo, Fordow, infraestrutura iraniana que fica dentro de uma montanha. Para tanto, precisariam de bombas de penetração profunda, como a MOP, de mais de 13 toneladas, que só os americanos dispõem.
A identificação pelo Irã de que os americanos estariam apoiando Israel com armamentos serviria de argumento para os aiatolás mirarem alvos americanos na região: além de prédios diplomáticos, correm risco bases dos EUA no Iraque (Erbil), Emirados Árabes Unidos (Al-Dhafra), Kuwait (Campo Arifjan) e, a maior delas, Al-Udeid, no Catar. Sem falar de navios petroleiros que circulam pelo Estreito de Ormuz, no Golfo Pérsico.
Os EUA, obviamente, foram informados da ação militar israelense - tanto que retiraram o grosso de seu pessoal das embaixadas na região. Não se sabe exatamente qual nível de apoio de Trump a Benjamin Netanyahu, mas o simples deslocamento de navios de guerra, como efeito de dissuasão, já demonstra que Israel tem o aval da Casa Branca. Informações de inteligência também devem estar sendo compartilhadas entre os dois países.
Se os EUA entrarem na guerra será para derrubar o regime dos aiatolás - um preço caríssimo para Trump, que se elegeu, no passado, prometendo não envolver os EUA nas chamadas "guerras eternas" no Oriente Médio.