
Sejamos claros: o mundo vive um dos momentos geopolíticos mais críticos desde o fim da Guerra Fria, com dois conflitos interestatais ao mesmo tempo - Rússia x Ucrânia e Israel x Irã - localizados em regiões-chave que servem de interconexão - e por isso, em grande parte o tensionamento - entre o Ocidente e Oriente.
No caso do Oriente Médio, usinas de enriquecimento de urânio do Irã, que podem gestar a bomba atômica, estão sendo bombardeadas, há troca de fogo entre Teerã e Tel Avivi e mortos e feridos dos dois lados. A escalada da crise ocorre em um momento em que parece haver dois blocos sólidos de apoio, um a Israel (EUA) e ou ao Irã (Rússia e China).
Mas, calma, a Terceira Guerra Mundial só será possível se todas as potências decidirem entrar no campo de batalha - uma situação altamente improvável neste momento. Aliás, é muito mais provável um conflito global a partir de Rússia e Ucrânia do que entre Israel e Irã, apesar da retórica inflamada e de ódios ancestrais no segundo caso.
No caso entre Israel e Irã, não há interesse de se envolver — logo, os blocos em jogo não são monolíticos. O Irã, com sua capacidade militar esfarrapada, nunca esteve tão só; a Rússia está cansada da sua própria guerra, e a China, mais preocupada em fazer negócios. Os braços terroristas dos aiatolás também estão com aos frangalhos, e a antiga aliada Síria, desde a queda de Bashar al-Assad, afastou-se do tabuleiro.
Para que houvesse uma Terceira Guerra Mundial seria necessário, antes de tudo, o jogo de alianças terrível que favoreceu, no passado, a formação do Eixo, da Tríplice Entente ou da Tríplice Aliança. Não há este cenário hoje. O que não significa que não tenhamos uma escalada da crise para uma guerra regional, com reverberação no Golfo Pérsico e na economia global.