
As palavras de Donald Trump, "ou haverá paz ou haverá tragédia", explicam com precisão o que o mundo testemunhou na noite deste sábado (21). A ação que levou os Estados Unidos à guerra até então restrita entre Israel e Irã foi, sobretudo, uma demonstração de força e poder da única superpotência militar do planeta.
Havia dias em que cogitava-se que só os Estados Unidos poderiam atingir a principal instalação de enriquecimento de urânio dos aiatolás, Fordow, protegida por uma fortaleza em forma de montanha no centro do Irã. Só os EUA têm a superbomba GBU-57, perfuradora de bunker, e só os EUA têm os B-2 Spirit, capazes de transportá-la.

A simples reunião dessa formidável capacidade militar em uma só nação já era, por si só, um elemento sobre a mesa. Trump, que normalmente gosta de blefar, desta vez, apenas enganou: disse, na quinta-feira (19), que o país decidiria em duas semanas se entraria na guerra. Quarenta e oito depois da declaração, entrou no conflito.
Os sinais de que os EUA ingressariam na guerra foram dados ao longo da semana. Mas o alerta definitivo veio neste sábado (21), quando seis B-2 decolaram do território americano rumo à base aérea de Guam, no Oceano Pacífico. No meio do trajeto, foram reabastecidos, o que indicava que estavam mais pesados do que o habitual — logo, carregados com a superbomba.
A grande dúvida agora é sobre a eficácia dos bombardeios a Natanz, a Isfahan e, principalmente, a Fordow. Não se sabe se as ações conseguiram danificar ou destruir as instalações subterrâneas.

Há, obviamente, a partir de agora, um risco altíssimo para cidadãos americanos na região — ainda que fragilizado militarmente e com seus braços terroristas (Hamas e Hezbollah) enfraquecidos, o Irã ainda é capaz de provocar danos em alvos dos EUA, como as bases no Bahrein, no Kuwait, na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes Unidos, e no Catar (neste, a maior, Al-Udeid). Também não se pode descartar o risco de atentados a embaixadas e consulados americanos nesses países.
Do ponto de vista geopolítico, Trump também lançou mão de uma cartada arriscada: não só porque foi uma ação unilateral, sem o apoio militar dos aliados europeus — e que pode receber condenação da comunidade internacional — mas principalmente porque, se o Irã dobrar a aposta, um capítulo ainda mais sombrio poderá se abrir no Oriente Médio. O que virá depois que os EUA usaram sua mais poderosa bomba, com exceção da nuclear?