
A chaminé no alto da Capela Sistina é, grosso modo, nosso contato com os cardeais que elegem o novo papa. A tradição, tal qual conhecemos, até não é tão antiga assim, remonta ao fim do século 19, mas seu aspecto simbólico é forte. Até porque, desde que entram em conclave (que significa "com chave"), os cardeais ficam incomunicáveis.
Antigamente, eles ficavam fechados, trancafiados, mesmo, dentro da Capela Sistina, até que se chegasse aos dois terços mínimos de votos para um novo ocupante do trono de São Pedro. Hoje, não é mais assim - e, inclusive, desde João Paulo II, foi construída uma residência de passagem para os cardeais - ou seja, eles vão até a Capela Sistina, em geral, só para votar (dois turnos pela manhã, e dois turnos à tarde). No resto do tempo, ficam na Casa Santa Marta, um prédio dentro do Vaticano no qual, aliás, Francisco decidiu morar, quebrando a tradição de o Pontífice habitar o Palácio Apostólico, frio e distante, do outro lado da Praça de São Pedro.
Mas voltemos à fumaça. Você sabe: se for escura, significa que os cardeais não chegaram aos dois terços dos votos mínimos - 89 do total de 133 com direito a voto. Se for branca, "habemus papam!"
O fato de a chaminé ter sido instalada nesta sexta-feira (2) é simbólico: é um dos últimos atos - e o mais visível para o público - dos preparativos na Capela Sistina, que está fechada a acessos desde segunda-feira (28).
Ah, um detalhe: o Vaticano divulgou os ingredientes de que é feita a fumaça. Para a fumaça preta, usa-se uma mistura de perclorato de potássio, antraceno e enxofre. Já a fumaça branca é feita com clorato de potássio, lactose (açúcar do leite) e resina de coníferas, conhecida como rosin.