
O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
O conflito entre Rússia e Ucrânia pode ter desdobramentos nesta quinta-feira (15), com o início de uma rodada de conversas para negociação de paz. A reunião está marcada para ocorrer na Turquia, do outro lado do Mar Negro. Apesar de a iniciativa ter partido de Vladimir Putin, não há confirmação de que o presidente russo estará presente.
No sábado (10) — domingo (11) em Moscou —, Putin anunciou que estava disposto a iniciar negociações diretas com a Ucrânia nesta quinta-feira. Questionado por jornalistas sobre a proposta europeia de um cessar-fogo incondicional por 30 dias, o líder russo não fez comentários.
Já no domingo — segunda-feira (12) na Rússia —, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou estar disposto a negociar com Putin, mas ressaltou que só participaria das conversas se ele estivesse presente, exigindo ainda um cessar-fogo imediato. Zelensky chegou a declarar que Putin estaria "com medo" de encontrá-lo cara a cara.
Na segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em declarações à imprensa, sugeriu que a Ucrânia deveria aceitar negociações diretas com a Rússia. Já na terça-feira (13), China e Brasil emitiram nota conjunta manifestando apoio ao processo de negociação de paz "no menor prazo possível".
Nesta quarta-feira (14), o governo russo informou que enviaria uma delegação a Istambul, mas não divulgou a composição da comitiva. O presidente Lula, em coletiva de imprensa em Pequim, declarou que tentará convencer Putin a participar das negociações:
— Quando parar em Moscou, vou tentar falar com o Putin. Não me custa nada sugerir que ele vá até Istambul negociar.
A um dia da reunião, ainda não está claro que formato terão os encontros entre os representantes da Ucrânia e da Rússia. Analistas internacionais apontam que será uma reunião de chanceleres.
O papel da Turquia
A Turquia, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), já sediou encontros entre as partes e mantém papel de mediador no conflito. O presidente Recep Tayyip Erdogan afirmou que Istambul "está pronta para sediar negociações que levem a uma solução permanente".

Essa postura tem causado tensões com outros membros da aliança, majoritariamente europeus e favoráveis à proposta de cessar-fogo de 30 dias.