
O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
O mundo testemunhou, nesta quarta-feira (21), mais um "bate-boca" no Salão Oval da Casa Branca. Desta vez, o presidente americano, Donald Trump, recebeu o líder da África do Sul, Cyril Ramaphosa, em um encontro que deveria discutir relações econômicas entre os dois países, mas que rapidamente se transformou em um duelo.
Trump cobrou esclarecimentos sobre os supostos crimes contra agricultores brancos na África do Sul, que ele classificou como "genocídio". O americano afirmou que esperava uma "explicação" sobre as políticas de igualdade racial do país:
— Temos muitas pessoas muito preocupadas com a África do Sul, e esse é realmente o propósito da reunião. E veremos como isso vai acabar. Mas temos muitas pessoas que se sentem perseguidas — disse Trump.
Ramaphosa rejeitou as acusações, argumentando que, embora a África do Sul enfrente problemas de segurança pública, esses casos envolvem grupos isolados e não representam uma política de Estado. O presidente sul-africano tentou refutar as alegações, sem muito sucesso.
A reunião não tinha esse tema como prioridade, mas o presidente americano estava munido de notícias, fotos e vídeos dos supostos casos. A própria imprensa americana ficou surpresa com a movimentação, principalmente quando a Casa Branca instalou televisores no Salão Oval exclusivamente para exibir os materiais e chegou a apagar as luzes da sala para melhor visualização.
A CNN Internacional descreveu a cena como uma "emboscada", destacando o "silêncio constrangedor" de Ramaphosa diante das acusações.
Histórico de bate-bocas no Salão Oval
Esta não foi a primeira vez que Trump transformou um encontro entre líderes em um debate acalorado. Em 28 de fevereiro, durante a visita do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, Trump o acusou de "jogar com a Terceira Guerra Mundial" e de ser "ingrato" pelo apoio dos EUA na guerra contra a Rússia, chegando a chamá-lo de "desrespeitoso".
No início deste mês, o alvo foi o primeiro-ministro canadense, Mark Carney. Desde a campanha, Trump falava em "anexar o Canadá" como o 51º estado americano. Durante o encontro, ele afirmou que seria um "casamento maravilhoso", mas Carney rebateu:
— Há lugares que nunca estarão à venda. Nunca.
Trump respondeu:
— O tempo dirá. Nunca diga nunca.
Analistas da imprensa dos EUA afirmam que Trump tem criado situações constrangedoras para seus convidados.