
O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Dados divulgados nesta semana pela rede de monitoramento do MapBiomas apontam que o desmatamento recuou 32,4% no Brasil em relação a 2023 — 1,24 milhão de hectares de vegetação nativa suprimida. No Rio Grande do Sul, os dados não são os melhores: o Estado foi o segundo, em proporção, que mais aumentou o desmatamento. Enquanto o Brasil registrou a diminuição de 32,4%, o Estado aumentou 70%.
Segundo o pesquisador do MapBiomas Eduardo Vélez, entre 2022 e 2023 houve uma queda na perda de florestas no RS, contudo o aumento em 2024 já era esperado devido aos eventos climáticos que o Estado enfrentou.
— Houve muitos deslizamentos de encostas de morro que tinham florestas. Nós monitoramos toda a remoção de vegetação florestal, seja ela causada por um evento natural, climático ou causada pela ação humana. No mapeamento baseado em imagens de satélite, medimos a quantidade e atribuímos a causa disso.
O RS passou de 2.343 em 2023 para 3.998 hectares de áreas desmatada em 2024, sendo dois terços desse valor — 2.805,8 hectares — somente em função dos eventos climáticos.
Aumento na Mata Atlântica e queda no Pampa
O pesquisador explica que no RS estão presentes dois biomas: do total de 3.998 hectares, 3.102 foi perdido na Mata Atlântica, enquanto 896 no Pampa.
— O Pampa praticamente não teve efeito dos eventos climáticos na perda florestal. Foi tudo concentrado na região de Mata Atlântica. E essa área que foi suprimida por causa natural, não costumamos denominar de desmatada, porque desmatada pressupõe uma ação de origem humana. Por isso, descrevemos como uma perda de vegetação nativa por eventos climáticos.
Os principais municípios com registro de aumento de desmatamento foram Veranópolis, Cotiporã e Bento Gonçalves. Os três figuram na lista das 10 cidades que mais perderam floresta na Mata Atlântica em todo o Brasil em 2024.
Já comparando os dados do desmatamento somente no Pampa entre 2023 e 2024, houve uma redução de 42%.
— Do ponto de vista das florestas é um número bom, mas o problema é que o Rio Grande do Sul tem também muita vegetação campestre. O sistema do MapBiomas hoje está calibrado só para o desmatamento das florestas. Não pega a conversão dos campos nativos, que sabemos que tem sido muito expressiva nos últimos anos. Então o dado é parcial, não conta a história do que aconteceu com toda a vegetação nativa.
Na comparação nacional entre os Estados, o RS ficou em 20º lugar, ou seja, há 19 estados da federação que desmataram uma área maior do que a registrada para o Rio Grande do Sul.