
Há vinte anos, ninguém conseguia um emprego de escritório sem saber Word, Excel e PowerPoint. Essas três ferramentas se tornaram o passaporte básico da vida profissional – o “beabá” da revolução digital. Em 2025, esse papel começa a ser ocupado por um novo trio: ChatGPT, Canva e Gemini (ou equivalentes). A alfabetização em inteligência artificial já é o novo “saber mexer no Office”.
Nos anos 2000, saber usar um processador de texto e uma planilha eletrônica era uma vantagem competitiva. No início 2010, virou obrigação. O mesmo movimento se repete agora com as ferramentas de IA. Segundo o World Economic Forum, 44% das habilidades dos trabalhadores precisarão mudar até 2027, e o uso de IA generativa está entre as mais demandadas. A consultoria PwC projeta que 70% das empresas pretendem treinar seus funcionários em ferramentas de IA até 2026. É o novo curso básico de informática.
Anúncios de vaga já começaram a mudar discretamente. Em 2024, segundo levantamento da plataforma LinkedIn Economic Graph, menções a “IA generativa” em descrições de emprego cresceram mais de 350% no mundo em apenas um ano. Profissões de marketing, jurídico, jornalismo e atendimento ao cliente já pedem familiaridade com ChatGPT ou Copilot. O mesmo aconteceu com o Excel: primeiro, era diferencial. Depois, virou requisito. Em breve, “saber IA” aparecerá na seção de “conhecimentos desejáveis” de qualquer vaga – inclusive as que não exigem formação técnica.
Usar IA não significa terceirizar o trabalho. Assim como o Word não fez ninguém escrever melhor sozinho, a IA não pensa por nós. Mas quem domina prompts, integrações e revisões de texto economiza horas, melhora entregas e demonstra adaptabilidade – qualidade que os recrutadores mais buscam hoje, segundo o relatório Future of Jobs 2025 do Fórum Econômico Mundial. Em outras palavras: a IA não vai tirar seu emprego, mas alguém que sabe usá-la pode tirar.
A alfabetização em IA segue a mesma curva de adoção do Office: começa como curiosidade, vira ferramenta de produtividade e termina como pré-requisito. A diferença é a velocidade. O que levou dez anos para se consolidar nos PCs pode levar dois no mundo da IA. Quem aprender agora estará no grupo que ensina, não no que corre atrás de tutoriais no YouTube às pressas. Assim como um dia todos precisaram aprender a fazer uma planilha, logo todos terão de saber criar um prompt.




