
Todo mundo tem aquele aplicativo que abre sem nem pensar. Pode ser o WhatsApp, o Instagram, o Mercado Livre. Ele está lá, no dedo automático. E é exatamente isso que os super apps querem ser: o aplicativo que você nem cogita não usar.
Nos últimos anos, o Brasil se tornou um dos terrenos mais férteis do mundo para o crescimento dos super apps — essas plataformas que misturam marketplace, banco, delivery, cashback, seguros, transporte e, se bobear, até consulta médica. E o jogo aqui vai muito além do número de usuários. O que essas empresas realmente estão disputando é a sua principalidade.
Sim, esse termo meio estranho vem do mundo dos bancos, mas se aplica perfeitamente ao universo dos apps: ser o principal, o favorito, o que você recorre sempre — o app que você abre para tudo. E isso, no mercado digital, vale ouro.
Você quer comprar um presente, pagar o boleto do gás, pedir sushi e ainda aproveitar um cashback? Melhor ainda se for sem trocar de aplicativo, né? É aí que entram os super apps brasileiros, que vêm criando verdadeiros ecossistemas fechados. Quanto mais tempo você passa lá dentro, mais dados eles têm sobre você, mais ofertas personalizadas surgem e mais difícil fica sair.
O Mercado Livre, por exemplo, começou vendendo produtos usados e hoje oferece cartão de crédito, seguros, cashback, frete expresso, streaming, e vira e mexe te manda uma notificação dizendo “tem desconto aqui”. Tudo isso dentro do mesmo app.
O iFood quer que você peça o jantar, compre na farmácia, faça mercado e ainda receba cupons — tudo sem sair da plataforma. Já o Magalu se transformou num combo de e-commerce, conteúdo e banco digital. O PicPay, com mais de 60 milhões de usuários, virou carteira, vitrine de empréstimos e até espaço para ganhar cashback com as contas do mês.
Dados que mostram a tendência
- Em 2023, os super apps movimentaram US$ 2,56 bilhões no Brasil. A projeção é que cheguem a US$ 13 bilhões até 2030.
- O país foi o 4º maior mercado de apps no mundo no ano passado: 10,2 bilhões de downloads.
- 63% dos brasileiros já compraram algo dentro de um app.
- 76% preferem apps que fazem tudo, em vez de um para cada função.
Ou seja, o brasileiro já entrou de cabeça nessa lógica do tudo-em-um. E as empresas estão apostando alto para garantir que, entre tantos ícones na sua tela, o delas seja o único que importa de verdade.
Simples: tempo + dados + dinheiro. Um app que se torna seu principal canal de compras, pagamentos e interações é um canal direto de receita — e de influência. Ele vira uma ponte constante entre marcas, serviços e o consumidor. É o sonho de qualquer empresa: fidelização total.
Mas, como tudo, isso também tem seus desafios. Construir um super app exige infraestrutura, segurança de dados, usabilidade impecável e adaptação às diferenças culturais e regionais. O Brasil, com sua diversidade, é um laboratório desafiador — e fascinante.
A disputa entre os super apps não é só por espaço no seu celular. É por espaço no seu dia, na sua rotina, na sua confiança. E isso se conquista com utilidade, facilidade e aquela sensação gostosa de resolver tudo com poucos cliques.
Então, da próxima vez que for pedir comida, pagar a fatura, assistir um vídeo e comprar um tênis — tudo dentro do mesmo app — lembre-se: você não está só usando um super app. Você está alimentando a principalidade dele na sua vida.