Saltava aos olhos, no último verão, o crescimento da quantidade de argentinos nas rodovias e praias do Estado. Dados divulgados nesta semana pela Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) mostram em números o tamanho da invasão dos visitantes do país vizinho. São dados que também indicam uma grande oportunidade para os negócios ligados a viagens a lazer no Rio Grande do Sul.
Entre janeiro e maio, 1,17 milhão de turistas estrangeiros ingressaram no Brasil pelo território gaúcho, quantidade 94,5% superior a igual período de 2024. O Estado ficou atrás apenas de São Paulo. Destes, 968,5 mil eram argentinos, contingente de mais do que o dobro do registrado de janeiro a maio do ano passado.
Não é nada desprezível ter cerca de 1 milhão de argentinos circulando a cada ano pelo Rio Grande do Sul
A razão também é conhecida. A valorização do peso tornou as viagens ao Exterior mais acessíveis para os argentinos. O Brasil, ao lado, com um imenso litoral, é o destino mais óbvio. A esmagadora maioria chega ao Rio Grande do Sul por rodovias, mostram os dados da autarquia federal responsável pela promoção do turismo brasileiro no Exterior. Mesmo que não existam números precisos, sabe-se que uma parte fica no Estado e outra, significativa, ruma em especial para o litoral de Santa Catarina.
Tamanho fluxo cria a chance para o Rio Grande do Sul ampliar as atividades no setor de turismo e demais serviços ligados ao segmento. Ainda que uma parcela grande não tenha o Estado como parada final, os viajantes cruzam grandes extensões do território gaúcho. Precisam se hospedar, se alimentar e abastecer seus veículos. Essa passagem, da mesma forma, abre a oportunidade para outras regiões de grande potencial de turismo no Estado. Ainda que o objetivo seja chegar às praias, é bastante razoável ambicionar que, mesmo por algumas horas ou poucos dias, usufruam de outros destinos ao longo do trajeto, como nas regiões dos vales, Missões, Campos de Cima da Serra e a própria Capital, entre muitos outros com diferentes atrativos culturais, gastronômicos, humanos e de paisagens naturais. Mesmo que boa parte ingresse por Uruguaiana e tenha como caminho preferencial a BR-290, os argentinos entram por diversos outros pontos. Há mais rotas, portanto, que podem extrair ganhos desse movimento.
Por diversas razões econômicas, como o comércio de bens, é benéfico para o Brasil _ e principalmente para o RS _ que a Argentina suplante de vez a crise crônica atravessada nas últimas décadas. Mantida a recuperação do país vizinho, tende a ser contínuo o fluxo de visitantes _ e ainda com melhor poder aquisitivo do que na época das vacas magras. Não é nada desprezível ter cerca de 1 milhão de argentinos circulando a cada ano no Estado. É chance de consolidar outros destinos.
Para uma melhor experiência e uma boa impressão da Capital, por exemplo, seria desejável que a entrada da cidade fosse mais aprazível ao olhar dos visitantes e a limpeza urbana melhorasse bastante. Quanto às vias de circulação, ganha importância a duplicação da BR-290, idealmente até Uruguaiana. É preciso saber aproveitar esse cenário e trabalhar a divulgação de outras regiões para tirar o máximo proveito dessa significativa corrente de visitantes que atravessa o Rio Grande do Sul.