Um dos crimes mais antigos no campo, o abigeato não representa apenas perdas aos produtores, que há décadas veem seus animais caírem nas mãos de criminosos. O furto de gado é também um problema sério de saúde pública. Isso porque o destino de boa parte dos bovinos roubados em fazendas, muitas vezes carneados ali mesmo no chão, é a mesa dos consumidores.
Sabe aquela picanha vendida a um preço muito abaixo do mercado? Ou aquele filé mignon a R$ 19,90 o quilo? Desconfie, sempre. Animais de raças valorizadas, prontos para o abate, são o alvo preferencial dos ladrões.
O crime do abigeato é histórico e só existe porque por trás dele tem uma cadeia organizada – que começa pelo ladrão, passa pelo transportador, pelo comprador e termina no consumidor. Após serem furtados ou carneados nas fazendas, os animais abastecem um mercado clandestino.
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Quadrilhas que comandam o furto e a venda de gado abastecem frigoríficos de fundo de quintal a preços competitivos, fazendo uma concorrência desleal às indústrias sérias – que respeitam as regras de sanidade animal. A carne consumida sem qualquer inspeção representa um perigo sério para a saúde pública por não passar por nenhum cuidado ou higiene.
E engana-se quem pensa que esse crime está distante. Estima-se que mais de 20% da carne consumida no Rio Grande do Sul seja oriunda de abates clandestinos – somando mais de 400 mil animais por ano. Embora não seja o único fornecedor do mercado informal, o abigeato responde por boa parte do que chega ao mercado gaúcho sem inspeção.
Isso tudo ainda sem contar as perdas econômicas, já que a carne clandestina não paga imposto, prejudicando a arrecadação do Estado. Um crime histórico que clamava por uma ação policial eficiente como esta de hoje, que desarticulou uma organização criminosa investigada por furtar pelo menos mil cabeças de gado por ano em todo o Rio Grande do Sul.