
O Uruguai demora para ingressar nos novos tempos de maconha plantada e comercializada sob os auspícios do Estado em detrimento dos traficantes - esse o objetivo: tirar os traficantes da jogada e esvaziá-los.
Uma loja uruguaia, a Hydropoint, entrou em cheio na "onda verde podscrê".
A proposta da Hydropoint é oferecer tecnologia de ponta para o plantio e o cultivo da maconha, conforme nos reporta a Folhapress.
Apesar da lentidão com que é implantada no país a lei que permite a produção da maconha de forma autorizada pelo governo, a empresa abrirá neste mês sua terceira loja - e, veja bem, a primeira em um shopping center, de Montevidéu!
A rede vende sementes da erva e outros 1,5 mil itens para o cultivo. Entre as novidades, está um sistema novo para a produção hidropônica (técnica que não utiliza terra e na qual as raízes costumam ficar na água).
A instalação da marca em um centro comercial com mais de 140 lojas, como Nike e Levi's, não causou estranhamento, conforme a sócia Flavia López disse para a Folhapress. "Por enquanto, não houve preconceito. As pessoas querem ver coisas novas no shopping e, estando dentro da lei, não tem problema."
Como a empresa só vende semente e técnicas de cultivo, ela não precisa da autorização do Estado. Desde 2014, o plantio para uso próprio é permitido no país, mas limitado a seis plantas em fase de florescência por pessoa. Clube de plantadores com até 45 sócios também são liberados.
"Todos estão mais abertos hoje em dia e entendem que a maconha pode amenizar dores. Temos clientes de até 70 anos", disse Flavia López.
Apesar do avanço da Hydropoint e de lojas do gênero, a implantação no Uruguai da lei que permite a venda de maconha em farmácias e a produção autorizada pelo governo segue lenta - o presidente socialista, o médico Tabaré Vázquez, está longe de ter a mesma vontade política que seu antecessor, o correligionário da esquerdista Frente Ampla José Pepe Mujica - idealizador da nova lei.
Em outubro do ano passado, quase dois anos depois da aprovação do projeto, o governo concedeu licença para duas empresas cultivarem e venderem o produto. Elas poderão comercializar até duas toneladas ao ano e terão de investir entre US$ 600 mil (R$ 2,4 milhões) e US$ 800 mil (R$ 3,2 milhões). O plantio será feito em um terreno cedido pelo governo de San José, próximo a Montevidéu.
A (atual) previsão é que o comércio seja iniciado em maio, mais de um ano depois do estimado inicialmente. Apenas uruguaios ou residentes do país poderão comprar a erva, com um limite de 10 gramas por semana.