
Acaso, sorte ou proteção divina? Sempre que ocorre um episódio de sobrevivência inexplicável em uma tragédia coletiva, como no recente acidente com o Boeing-787-8 da Air India, a gente fica se perguntando:
— Afinal, o que salvou aquele homem?
Vishwash Kumar Ramesh, de 40 anos, saiu caminhando do meio da bola de fogo em que se transformou o avião depois de bater num prédio, logo após a decolagem, ainda com os tanques cheios de combustível. Os outros 241 passageiros e tripulantes morreram, inclusive o irmão do sobrevivente, sentado na mesma fila, mas do lado direito da aeronave, o mais atingido pelo choque.
A teoria do acaso sai na frente, pois a localização da poltrona 11A, onde estava Ramesh, não é considerada das mais seguras. Um estudo feito em 2015 com base em 35 anos de acidentes aéreos registrados pela Agência Federal de Aviação dos Estados Unidos demonstrou que a taxa de mortalidade é consideravelmente maior para passageiros sentados na parte da frente do avião. O indiano estava bem na frente das asas, portanto na parte mais vulnerável.
Teve, porém, a sua quota de sorte. Sua poltrona localizava-se perto de uma das portas de emergência, por onde, provavelmente, ele conseguiu sair logo depois do choque. Mas os passageiros sentados nas proximidades das outras portas de emergência não foram contemplados pela loteria da vida.
Algo semelhante ocorreu com o jogador Alan Ruschel, que continua dando os seus chutes pelo Juventude. Ele escapou sem ferimentos graves daquele desastre do avião da Chapecoense, em 2016, porque um companheiro convidou-o para sentar mais à frente. Seu hábito era ficar nos últimos bancos, para poder dormir nas viagens. Tudo indica que a sorte e o acaso se uniram para salvá-lo.
E o que sobra para o anjo da guarda? Bom, aí depende da crença de cada um. Se mantivermos o raciocínio lógico-científico, sobra pouco, pois teríamos que questionar a pouca eficácia dos protetores divinos dos demais passageiros. Mas o anjo da poltrona 11A merece um crédito. Curiosamente, em 1998, o cantor tailandês Ruangsak Loychusak, conhecido como James, também sobreviveu a um acidente aéreo sentado em uma poltrona de mesmo número.