
Para fechar a temporada com a dignidade possível, o Inter vive o desafio de ganhar de quem não perdeu para nenhum gaúcho no Brasileirão deste ano. O Mirassol recém subiu e já decretou matematicamente sua permanência na Série A para o ano que vem.
Não tem derrota em casa e empatou com o Inter no Beira-Rio. Falta um monte de rodada no campeonato e o time do interior paulista só se preocupa em tentar ficar onde está, o G-4, o que lhe daria vaga direta de Libertadores.
A missão inusitada do Mirassol está longe de ser o objetivo colorado neste ano, o que depõe a favor do pequeno e contra o gigante. A temporada do Inter está parcialmente salva pelo primeiro título conquistado desde 2016, mas teria uma mancha horrorosa caso o time fosse rebaixado.
Este risco já foi maior, a vitória urgente sobre o Botafogo com direito a boa atuação deixou a situação menos desconfortável, embora a distância para o Z-4 só tenha aumentado na pontuação. Na posição de tabela, o Inter ainda é o penúltimo antes do primeiro que cai. Gastando perto de 18 milhões de reais por mês com o elenco, inaceitável.
Amostra positiva
Por isso o título. O jogo contra o Mirassol é o primeiro do resto do ano depois dos três pontos sobre o atual campeão brasileiro. Acontece logo após o Inter ter feito também sua melhor atuação no campeonato para vencer.
Não foi vitória aleatória com o goleiro colorado de melhor em campo. O time fez por onde, Ramón Diaz teve criatividade para enfim adotar os três zagueiros e, mais do que ir ao 3-5-2, tirar o centroavante para usar um segundo atacante de velocidade.
Como parte de sua solução, o treinador também liberou Alan Patrick de qualquer função defensiva e o aproximou do gol adversário. Não para ser centroavante, claro, porque se nascer mais 10 vezes ele será meia-armador, mas com liberdade para fazer o pêndulo vindo da frente para trás e com isso não sendo acompanhado por nenhum marcador.
Douglas chegou a jogar assim no Grêmio de Roger Machado em 2015 com grande sucesso. Como nada é mais imediato do que continuar ganhando para não falar mais em descenso, não interessa que este modelo não se sustente para 2026.
De olho no futuro
O Inter terá que ser tão diferente no último ano da gestão Barcellos que é o de menos montar um time de emergência sem perspectiva de mantê-lo no curto e médio prazo. O que está em jogo é uma próxima temporada saudável.
Se a evolução desta equipe se mantiver contra Mirassol, fora, e Sport, em casa, colorados e coloradas estarão autorizados a sonhar de novo com vaga de Libertadores. A indireta, aquela que pesa no calendário do ano seguinte, que seja. Sobre um Gauchão que já vai compartilhar datas com o Brasileirão, ir para a fase seletiva significaria mais quatro jogos neste calendário esgaçado. Pergunta poética: e daí?
Ramón Díaz tem contrato até o fim de 2026, seria a primeira vez que o cumpriria na íntegra depois de salvar Vasco da Gama e Corínthians e sair traumaticamente de ambos. A trajetória dele como treinador se explica sozinha, um profissional multicampeão por onde andou.
A ideia de dar certo no Inter o suficiente para emendar uma temporada na outra seria ótima para quem o contratou. No entanto, Díaz, Klopp ou Guardiola, cada um na sua prateleira, nunca serão mágicos. Vão precisar de gente para fazer sucesso.
Os desafios do Colorado
Gente que calce chuteira e saiba o que fazer quando aquele balão de couro cheio de ar vier no pé, no peito ou na cabeça. O Inter, sabe a torcida toda, não tem capacidade de investimento para dar de frente com os endinheirados que hoje estão do outro lado do abismo.
A base não promete ajudar, o que significa que ir ao mercado será obrigatório. Para trazer quem, cara-pálida? O nota seis que vira teto para um eventual menino talentoso que oscila por ser menino e logo volta para o banco?
Quem dirige futebol precisa ter muitos compartimentos na cabeça para pensar ao mesmo tempo em todos os desafios que se apresentam. Tipo não cair em 25 e ser competitivo em 26 sem qualquer perspectiva de poder gastar num jogador de exceção, por exemplo, 10 milhões de dólares.
No outubro que traz o primeiro jogo do resto do ano para o Inter no meio da semana que vem, melhor fixar atenção no campo perfeito e mal iluminado do Mirassol. Depois vem depois.
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