
Se valendo do espírito acusador que marca sua trajetória profissional, Alexandre de Moraes manteve o estilo combativo ao proferir, nesta terça-feira (09), o seu voto no julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) da tentativa de golpe de Estado. A sustentação foi mais dura que a de acusação, realizada na semana passada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Nos bastidores, esta postura já era aguardada pelo histórico do ministro à frente do processo. Além de conduzir a instrução processual, colhendo depoimentos e determinando medidas antecipadas contra os réus, Moraes tem levado com mão de ferro as ações que assumiu no STF como relator.
— Ninguém na História da humanidade viu golpista que deu certo se autocolocar no banco dos réus. Quem estaria no banco dos réus seria o Supremo Tribunal Federal e as instituições democráticas — bradou Moraes, rebatendo os argumentos de que não houve consumação do golpe e, por isso, os réus não teriam de ser condenados.
Na mesma linha da denúncia apresentada pela PGR, Moraes fez um desenho cronológico para mostrar a intenção de Bolsonaro em romper com a democracia caso fosse derrotado nas urnas em 2022. De novo, adotou um discurso mais enfático do que a acusação, condenando pontualmente cada etapa em que Bolsonaro e os outros sete réus se envolveram.
A partir de agora, o posicionamento dos demais integrantes da Primeira Turma será ainda mais relevante para corroborar as conclusões de Moraes ou para rebater eventuais excessos, isolando o relator. Muito além do placar de condenação, ganham importância a dosimetria das penas e os argumentos que cada ministro apresentará.
O ministro Luiz Fux já antecipou que deverá estar no campo da divergência.






