
O resultado da última sessão do Congresso precisa ser visto para além da derrota esmagadora do governo Lula. Quando deputados e senadores se unem para sangrar os cofres públicos, o prejuízo não é apenas do atual ocupante da presidência da República.
Em um ato imoral e injustificável, os parlamentares aprovaram na terça-feira (17) um reajuste do fundo partidário que custará R$ 164,8 milhões ao Tesouro, segundo cálculos da própria consultoria legislativa.
Somente para 2025, a verba reservada à manutenção dos partidos é calculada em R$ 1,3 bilhão. Sem falar no fundo eleitoral, que serve para financiar as campanhas e é bem superior.
Lula havia vetado a previsão de ganho real para o fundo. Além de derrubarem o dispositivo, os parlamentares impuseram reajuste pela inflação desde 2016. Ou seja, decidiram que as regras do arcabouço fiscal servem para limitar investimentos em várias políticas públicas, mas não quando se trata do dinheiro que vai para os partidos.
A medida está longe de ser o único prejuízo dos vetos presidenciais que foram derrubados. As mudanças no novo marco legal da energia offshore terão impacto de até R$ 197 bilhões na conta de luz nos próximos anos, segundo cálculos da equipe econômica. O custo, é óbvio, será rateado pelos consumidores.
Membros da oposição comemoraram a derrubada de vetos e se orgulharam em mostrar a fragilidade da base governista. Esquecem que o impacto para os cofres não provocará dificuldades apenas para o presidente Lula, cujo mandato termina em pouco mais de um ano. Os próximos governos terão de lidar com as consequências do populismo fiscal.
São mais do que justas as críticas ao excesso de gastos do Executivo, às promessas de Lula que não cabem no orçamento e até mesmo às despesas supérfluas com viagens internacionais. Cada vez mais, no entanto, o Congresso se esforça para superar o governo.
Somado ao Judiciário que se notabiliza como um dos mais caros do mundo, só resta à população contar os trocados para sustentar a máquina de irresponsabilidade com o orçamento público.