
Nenhum governo gosta de CPI, ainda mais perto das eleições. O motivo é simples: a chance de desgaste é enorme, ainda mais quando envolve um golpe desta magnitude contra milhares de aposentados e pensionistas.
O presidente Lula e seus aliados tentaram evitar a abertura da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, mas nos últimos dias viram crescer entre deputados e senadores da base a vontade de investigar o tema a fundo. O PT não teve alternativa, por isso passou a apoiar a abertura da comissão.
Lideranças do governo já trabalham para viabilizar nomes da base na presidência e relatoria da CPMI. A disputa será intensa, já que a condução dos trabalhos dependerá diretamente do perfil dos indicados para estas duas posições. A estratégia do governo agora é demonstrar que não tem medo das investigações, e que irá liderar a responsabilização dos envolvidos nos crimes.
A disputa de narrativas que se sucederá nos próximos meses é conhecida. Os parlamentares da base tentarão mostrar que o atual governo descobriu uma fraude iniciada há anos, durante o governo de Jair Bolsonaro, enquanto a oposição cobrará a responsabilidade da atual gestão, que por bastante tempo ignorou as denúncias.
Diante de uma fraude de tamanha proporção, que pode ter lesado milhares de aposentados e pensionistas, o desfecho da comissão é completamente imprevisível. Há uma frase sempre lembrada por políticos nessas situações: “CPI você sabe como começa, mas nunca sabe como vai terminar”.
O que a população espera é que a CPMI realmente desnude todos os envolvidos na fraude, além dos agentes públicos que falharam em impedi-la. O histórico das comissões mostra muito palanque político e pouco resultado. Que desta vez seja diferente, em respeito aos aposentados, pensionistas e a todos os brasileiros que vão pagar a conta do ressarcimento público.