
O governo Lula promete apresentar nos próximos dias um plano para devolver a aposentados e pensionistas do INSS os valores descontados indevidamente de seus benefícios. A ordem do presidente é assegurar o ressarcimento o quanto antes. Ou seja, usar dinheiro público será a única forma de garantir o rápido reembolso. E quem garante que o governo conseguirá reaver a cifra bilionária?
Desde que a fraude foi descoberta, os órgãos de controle discutem formas de responsabilizar os fraudadores. A intenção é cobrar o ressarcimento das próprias entidades. Mas o processo, como sempre, é moroso e de resultado totalmente incerto. Diante de tantos alertas em um esquema que já durava ao menos cinco anos, foram muitas as chances de os golpistas darem destino aos bilhões de reais captados ilegalmente.
A investigação estima que 4,1 milhões de beneficiários podem ter sido vítimas dos descontos, e o prejuízo pode chegar a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
A devolução do dinheiro será acompanhada de uma estratégia de comunicação que há dias é discutida no Planalto. Lula quer demonstrar que a fraude nasceu no governo de Jair Bolsonaro e foi na gestão petista que a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) a descobriram. Mas será difícil explicar por que os alertas de fraude foram ignorados por tanto tempo.
Até agora, Lula não demonstrou a necessária indignação com a inércia do Ministério da Previdência. Caso contrário, teria barrado a indicação do ex-deputado Wolney Queiroz para a cadeira de Carlos Lupi, o que, na prática, mantém o comando da pasta com o mesmo grupo do PDT.
Logo ficará claro que toda a população pagará a conta. O ressarcimento bilionário a aposentados e pensionistas, que, obviamente, é justo, sairá mais uma vez dos cofres públicos, aumentando a montanha de endividamento.