
Os anúncios celebrados entre os governos do Brasil e da China nesta segunda-feira (12) evidenciam o poder do pragmatismo asiático, que avança no vácuo deixado pela incerteza das barreiras impostas pelos Estados Unidos. A influência do país de Xi Jinping será cada dia mais sentida pelos brasileiros.
Além de consolidar a posição de maior parceiro comercial do Brasil, a China vai chegar aqui com marcas até agora desconhecidas localmente, mas que abrirão forte concorrência para mercados consolidados, como em delivery e fast-food.
Na segunda visita à China neste terceiro mandato, o presidente Lula defendeu que a parceria precisa crescer cada vez mais, sempre como uma via de mão dupla.
— Se depender do meu governo e da minha disposição, Brasil e China serão parceiros incontornáveis — discursou, mediante 700 empresários de ambos os países, nesta segunda.
A rápida expansão asiática não é novidade. Há um bom tempo, as relações vão muito além do agronegócio e já podem ser percebidas em áreas de vestuário e tecnologia, por exemplo. Os carros híbridos e eletrificados ganham fatias do mercado brasileiro a cada dia, e essa influência deve avançar mais rapidamente.
Entre os aportes anunciados durante o encontro desta segunda, está a expansão da montadora de veículos GWM (R$ 6 bi), que pretende aumentar operações e exportações para a América do Sul e México. Os locais no Brasil que receberão o investimento ainda não foram anunciados. Há negociações para que o Rio Grande do Sul seja contemplado.
Na lista, também há fortes investimentos em geração de energia e exploração de minérios. Sem falar em projetos que serão bem visíveis aos olhos do consumidor brasileiro. A rede de fast-food Mixue, que já ultrapassou o McDonald's em número de lojas pelo mundo, promete investir R$ 3,2 bilhões para abrir sua operação de venda de chás e sorvetes. Já a Meituan aportará R$ 5,6 bilhões para explorar serviços de delivery, concorrendo com marcas como Ifood.
Em 2024, segundo a Apex, o comércio entre Brasil e China atingiu um patamar histórico, com uma corrente de comércio de quase US$ 160 bilhões, resultado de exportações brasileiras de US$ 94,4 bilhões e importações de US$ 63,6 bilhões, gerando um superávit de US$ 30,7 bilhões — o que representou 41,4% do saldo comercial total do Brasil. Para este ano, as projeções são de um novo recorde de exportações e importações.
Enquanto o governo Trump compra briga com o mundo e faz pouco caso da parceria com países da América do Sul, a China avança a passos largos para consolidar ainda mais sua liderança global.