
Exatos dois meses depois de o tarifaço de Donald Trump contra produtos brasileiros entrar em vigor, dados apresentados nesta segunda-feira (6) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) mostram que as exportações do RS para os EUA caíram 51,5% em setembro.
Os valores despencaram a menos da metade, de US$ 172,4 milhões para US$ 83,6 milhões, comparando o mês passado com período igual do ano anterior. Considerando os dois primeiros meses de sobretaxas, os embarques gaúchos para o mercado americano somaram redução de 35,7%.
Os envios de tabaco tiveram forte contribuição, com queda de 95,4% em setembro em relação ao mesmo mês do ano passado. Armas e munições (-77,1%) e celulose (-69,4%) também empurram as exportações do RS para os EUA para baixo no período.
Tabaco, armas e munições pagam tarifa de 50% para entrar no mercado americano. No entanto, a celulose está livre de qualquer alíquota desde 13 de setembro. O RS não exportou carne bovina aos EUA em setembro, produto também afetado por taxa de 50%.
— É uma barreira tarifária muito grande. Alguns produtos, mesmo não tarifados, estão caindo. Muito provavelmente, isso está relacionado à atividade econômica. O choque tarifário reduz o consumo nos EUA. É esperado que continue a haver queda de exportação para lá, até porque estamos vindo de um nível recorde no ano passado — disse o diretor de estatísticas e estudos de comércio exterior do Mdic, Herlon Brandão, em entrevista coletiva nesta segunda-feira.
Saldo positivo
Apesar da queda nos envios para os EUA, o RS teve com saldo comercial positivo de US$ 1,1 milhão em setembro. Significa que as exportações gaúchas para o mundo ainda foram maiores do que o total das importações de produtos para o Estado.
Entre os nove principais destinos de produtos gaúchos no Exterior, só os EUA compraram menos no mês passado. Cresceram os embarques para China (7,1%), Argentina (38,3%), Bélgica (45,2%), Filipinas (137%), Chile (36,8%), Uruguai (31,4%), Paraguai (48,4%) e Suíça (3.504,6%).
No caso da Suíça, ainda não é um efeito direto do acordo de livre-comércio assinado entre Mercosul e Associação Europeia de Livre-Comércio (Efta, bloco formado pelo país alpino além de Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein). O tratado ainda não entrou em vigor.
A balança comercial brasileira de setembro teve superávit de US$ 3 bilhões, queda de 41,1% em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas para os Estados Unidos recuaram 20,3%. No acumulado de 2025, o saldo comercial é positivo, de US$ 45,5 bilhões.
*Colaborou João Pedro Cecchini



