
Havia um dilema na Argentina: os Estados Unidos haviam condicionado uma pesada ajuda financeira à vitória do atual presidente, Javier Milei nas eleições parlamentares que ocorrem em 15 dias, mas atender a essa exigência parecia cada vez mais difícil com o desgaste crescente do governo e o dólar em recordes históricos.
Na quinta-feira (9), o secretário do Tesouro, Scott Bessent, reafirmou a disposição de fazer um acordo de swap cambial de US$ 20 bilhões, mas antecipou ajuda ordenando o início das compras de peso – uma medida tão inusitada que evidencia o tamanho da crise no país vizinho. Era tudo o que Milei queria. – e de que precisava.
— O mais surpreendente é que não estão tomando dívida, o Tesouro americano opera e compra pesos. Incrível. Jamais visto — disse Alfredo Romano de Romano Group, que opera com serviços tributários e auditoria, ao jornal especializado em economia Ámbito.
Em entrevista à Fox News, Bessent defendeu a iniciativa nada ortodoxa com uma explicação igualmente rara vindo de um governo:
— Não é um resgate, em absoluto. É comprar barato e vender caro.
Até a Fox News quis saber o que os EUA ganhariam com isso, e Bessent alegou que o peso argentino está "subvalorizado", portanto seria bom negócio. E que os cidadãos americanos serão recompensados ainda porque Milei "está comprometido a tirar a China da Argentina".
A ajuda ocorreu depois de quatro dias de negociações do ministro da Economia, Luis "Toto" Caputo, em Washington. E veio, conforme o Ámbito, quando o Tesouro argentino estava ficando praticamente sem dólares para segurar o sistema de bandas cambiais negociado com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Na quinta-feira (9), as compras de peso ocorreram por meio do Banco Santander no mercado argentino. O câmbio oficial, chamado "minorista" (no varejo), teve recuo levíssimo, de 1.460,63 para 1.459,28. Mas se essa reação foi discreta, outros ativos sinalizaram euforia: os recibos de ações de empresas argentinas negociadas em Nova York decolaram 27,3%, e os títulos nacionais emitidos em dólares saltaram 9,3%.


