
A primeira sessão de trabalho do 26° Congresso do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), realizada nesta quarta-feira (8), foi uma espécie de pitch: rápidas dicas sobre a necessidade das empresas de não só participar, mas contribuir, com as discussões da COP30, que se realiza no próximo mês em Belém (PA). É um símbolo da importância que o assunto tomou na entidade que tem como objetivo melhorar a governança do setor privado.
Rodrigo Sluminsky, sócio-executivo da Gaia Silva Gaede Advogados, começou esclarecendo o motivo pelo qual as empresas não foram embarcadas desde o início do processo de discussão das metas nacionais de redução de emissões que provocam mudança do clima. Era uma responsabilidade, em tese, exclusiva de países.
— As empresas nunca foram chamadas para esse processo, é difícil até compreender, mas isso tem mudado, até porque o interesse do setor privado está envolvido em todas essas negociações.
Conforme Sluminsky, é essencial que as empresas dominem o que chamou de "sopa de letrinhas" característico das negociações das COPs. Uma década depois do Acordo de Paris, ponderou, agora é a hora de "fazer acontecer". E acrescentou que essas discussões também ocorrem em um "ambiente de recursos", não só financeiros, mas também de informação, sobre tendências e relacionamentos de negócios.
— Neste ano, temos o apelo por uma abordagem mais multidisciplinar, cujo símbolo é a palavra "mutirão", de origem tupi-guarani, que significa mobilização coletiva para uma tarefa em benefício da comunidade — disse o advogado que acabou de voltar da Climate Week, realizada em Nova York.
Sluminsky ainda observou que a maioria das empresas ainda não se apropriou das métricas e lógicas que determinam os desdobramentos da COP, que tem pela frente uma meta de financiamento climático.
— Por que as empresas não emprestam seu conhecimento nessa área? Sabemos fazer isso bem há muito tempo.
Lembrou que a COP30 prevê a adoção de metas globais de adaptação que depois serão "cascateadas", ou seja, precisarão ser observadas pelas empresas:
— E se a empresa se antecipar, pode catalisar esse movimento, que à frente vai significar cumprir eventuais novas leis e regras.
Argumentou, ainda, que a COP30 prevê fundos para empresas, que podem fazer grande diferença para enfrentar o futuro.
— O reconhecimento da responsabilidade das empresas, da sua função social, no âmbito da COP30, é a compreensão inclusiva do desenvolvimento. Pode-se chamar de ESG, pode-se dar qualquer nome, mas o essencial é colocar mais gente no processo. E como pediu o presidente da COP30 (embaixador André Corrêa do Lago), é preciso transcender mentalidades ultrapassadas.
*A colunista viajou a São Paulo a convite do IBGC





