
Enquanto procura solução para tapar o rombo estimado em R$ 46 bilhões deixado pela perda de validade da MP 13.003, o governo Lula tomou outra providência: exonerar indicados por líderes políticos que comandaram a decisão da Câmara dos Deputados para retirar a medida provisória da pauta, permitindo que "caducasse".
Nos expurgos, há surpresas, como o desligamento de apadrinhados por oposicionistas ativos e vocais como Ciro Nogueira (PP-PI) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). A surpresa não é a exoneração – embora a demora seja intrigante –, mas o fato de afilhados de dois políticos que costumam fazer oposição "feroz" ainda terem espaço na estrutura administrativa.
É uma situação pedagógica, que ensina tanto sobre a "ferocidade" de aliados mais óbvios do governo quanto sobre esses líderes, que fazem duros discursos em público e negociam cargos com discrição.
Era indicado de Ciro Nogueira, por exemplo, José Trabulo Junior, consultor do presidente da Caixa. Como afilhado de Sóstenes, Paulo Rodrigo de Lemos Lopes era vice-presidente de Sustentabilidade e Cidadania Digital da mesma instituição. Ambos foram exonerados.
Saber desses detalhes é didático, porque muitos brasileiros adotam com acréscimos o comportamento público desses "ferozes" oposicionistas. E não sabem – ou preferem não saber – que nos bastidores estão mais próximos do governo do que supõe a polaridade cega dos últimos anos da política nacional.
Como costumam dizer experientes repórteres dos bastidores de Brasília, se os eleitores vissem o comportamento privado de seus líderes, teriam mais tolerância no convívio com quem pensa diferente.


