
Os dados de exportações de agosto, primeiro mês do tarifaço de 50% aplicado a produtos brasileiros por Donald Trump, foram apresentados nesta quinta-feira (4) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), e é possível observar alguns efeitos nos envios do Rio Grande do Sul ao Exterior.
As exportações gaúchas para os Estados Unidos caíram 18,6%, de US$ 159 milhões para US$ 129,4 milhões, comparadas a agosto de 2024. Para a China, principal parceiro do Brasil e do Estado, que vinha diminuindo suas compras do Rio Grande do Sul neste ano, os embarques aumentaram 53% na mesma base de comparação, de US$ 477,3 milhões para US$ 730,3 milhões.
É curioso ver que tanto produtos taxados quanto não taxados venderam menos ao mercado americano. As exportações do Rio Grande do Sul aos Estados Unidos de máquinas de energia elétrica, um dos principais produtos enviados para lá, caíram 67,6% em valor.
Em nível nacional, os embarques de aeronaves e suas partes, que estão fora do tarifaço, tiveram redução de 84,9%, de US$ 229,5 milhões para US$ 34,7 milhões. É bom lembrar que o setor, que tem a Embraer como principal representante no Brasil, é o terceiro que mais exporta para os EUA.
Em coletiva de imprensa, o diretor de estatísticas e estudos de comércio exterior do Mdic, Herlon Brandão, avalia que parte da queda nos envios ao mercado americano em agosto decorre da antecipação dos embarques em julho, antes de Trump levantar uma barreira comercial contra produtos brasileiros. Mas admite que a sobretaxa fez as vendas para lá diminuírem.
Em relação à China, Brandão coloca uma lupa na soja para explicar o crescimento de embarques. As exportações gaúchas do produto subiram 62,2%, bem acima de média nacional, de 28,4%. O escoamento mais lento no semestre anterior contribui para o salto, diz Brandão.
Outro setor que empurra as vendas à China para cima é o de carne bovina: os envios do produto do Rio Grande do Sul para lá quase triplicaram em agosto, de US$ 7,7 milhões para US$ 22,7 milhões.
Saldo positivo
O Rio Grande do Sul fecha agosto com saldo comercial positivo de US$ 592 milhões, puxado sobretudo pelo maior apetite do mercado chinês. Significa que as exportações foram maiores do que as importações. Em valor, o Estado vende 3,7% mais do que no mesmo mês do ano passado, mas também compra 6,3% mais.
A balança comercial brasileira de agosto teve superávit de US$ 6,1 bilhões, avanço de 35,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado de 2025, o saldo positivo é de US$ 42,8 bilhões
*Colaborou João Pedro Cecchini






