
O dólar subia – pouco, é verdade – na tarde desta quinta-feira (24), quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevou o tom sobre o tarifaço de Donald Trump. Coincidência ou não, logo depois a cotação inverteu o sinal. Como oscilava em torno do zero, não se pode cravar que as declarações de Lula tranquilizaram o mercado, mas ainda assim é novidade que o presidente adote palavras mais ásperas sem elevar o estresse. A moeda americana fechou com oscilação para baixo de 0,05%, em R$ 5,52.
A oito dias do prazo previsto para que a taxa de 50% entre em vigor, não há motivos para tranquilização. Tanto que a bolsa se encaminha para uma forte baixa, acima de 1%, depois de alívio na véspera.
— É mentira que o Brasil está vendendo mais do que comprando dos Estados Unidos — disse Lula, contrariando a diplomacia mas dizendo a verdade. — Ele (Trump) não quer conversar. Se quisesse, me ligava e a gente estava conversando.
E se Lula quase mordeu, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quase assoprou. Disse que o plano de contingência desenhado pelas áreas técnicas do governo para ajudar as empresas afetadas pelo tarifaço "tem medidas para todo gosto", incluindo uma linha de crédito. Mas só será apresentada na próxima semana.
O que também deu algum alento – não muito – foi uma declaração do encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar. A um empresário, o mais alto diplomata da representação – um embaixador ainda não foi indicado – disse que seu país tem interesse em negociar acesso a minerais críticos e terras raras do Brasil. Conforme o gaúcho Eric Daza, especialista na área, entre 15% e 20% da reserva mundial de terras raras estaria no Brasil.
*Colaborou João Pedro Cecchini





