
Nas longas sessões de interrogatório dos oito réus da trama golpista, surgiu uma nova versão do controverso ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Seria algo parecido com um "Xandão paz e amor", capaz de fazer gracejos com os advogados e até com os depoentes – embora muitas vezes com ironia.
Uma exigência incisiva do ministro virou bordão: "responda sim ou não". Demóstenes Torres, que representa Almir Garnier, pediu permissão para ter seu "momento Alexandre de Moraes" e repetir a fórmula. Depois, outros profissionais a usaram como tática para evitar que seus clientes se auto-incriminasse. Na terceira vez em que foi usada, Moraes indagou:
– Tem certeza? Para o outro, não funcionou.
Mas foi um apelo sobre o horário da sessão de terça-feira (10) a que rendeu mais gargalhadas no plenário. O advogado de Augusto Heleno, Matheus Milanez, pediu que o início fosse adiado das 9h para as 10h, porque precisava de tempo "minimamente, para jantar". Moraes negou, ele insistiu.
— Doutor, vamos ver se nós terminamos amanhã (terça), daí o senhor tem a quarta-feira para tomar um belo brunch; na quinta-feira, jantar, que é Dia dos Namorados; na sexta, Dia de Santo Antônio, o senhor comemora também em uma quermesse… Se a gente começa a atrasar, a gente não acaba — respondeu Moraes.
No dia seguinte, o ministro lembrou do episódio ao cumprimentar todos os advogados, dos quais costuma só cita o nome:
— Doutor Matheus Milanez, fazendo votos que tenha jantado ontem tranquilamente.
E voltou ao tema quando Milanez avisou que faria um pedido "pela ordem", ou seja, não previsto:
— Doutor, o horário de almoço ainda está longe, vamos seguir.
Esse, digamos, desempenho, fez até o ex-presidente Jair Bolsonaro, que em 2021 chamou Moraes de "canalha" em comício para milhares de pessoas, achar que tinha espaço para brincadeira: perguntou a Moraes se aceitaria ser seu vice em uma possível candidatura nas eleições de 2026. Nesse caso, o ministro optou pela concisão:
— Declino.