
A disparada na cotação do petróleo provocada pelo ataque de Israel ao Irã havia se moderado – chegou a subir 14% em negociações fora do horário comercial, a maior em um dia desde 2022 – na metade da tarde, mas voltou a empinar com a chuva de mísseis sobre Tel-Aviv, maior cidade de Israel.
Para dar uma ideia do possível impacto econômico da nova escalada no conflito, no dia em que a Petrobras baixou o preço da gasolina nas refinarias, o valor do barril estava em US$ 64,63. No final da tarde desta sexta-feira (13) – data significativa – está em US$ 75,10, ou seja, mais de US$ 10 acima.
Qualquer impacto mais forte depende do tempo que a cotação se mantenha nesse patamar – ou acima –, que não era frequentado desde abril. E essa duração depende de por quanto tempo o conflito ampliado vai se estender. Os novos desdobramentos indicam que não será resolvido no curto prazo. Analistas de relações internacionais avaliam que a intenção do governo de Israel é derrubar o atual regime do Irã. Por mais que se discuta a maior fragilidade dos aiatolás, não se dará da noite para o dia.
Caso se mantenha elevada por muito tempo – mais de 15 dias – a cotação do petróleo começa a impactar a economia pelo preço dos combustíveis que, por sua vez, contagia a cadeia de suprimentos pelo frete, seja rodoviário ou marítimo. Nesse caso, há um temor adicional: quando atacado, o Irã ameaça fechar o Estreito de Ormuz, pelo qual passa cerca de 20% do petróleo negociado no mundo.
Mas esse não é o único canal de contágio do petróleo. A matéria-prima fóssil está na composição de outros produtos com potencial de efeito-cascata, como embalagens de alimentos. Filmes plásticos são feitos de resinas petroquímicas, por sua vez feitas de nafta, um derivado.
Isso significa que pode pressionar muito a inflação, no momento em que parecia que a pressão de preços começava a aliviar. E o ataque ocorre, ainda, às vésperas da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). É pouco provável que a decisão da próxima quarta-feira (18) já seja impactada pela disparada, até porque apenas seis dias terão se passado. Mas caso a cotação do barril não reflua, haverá novo componente no famoso "balanço de riscos".