Depois da escalada verbal do presidente dos Estados Unidos, o maior temor do mercado sobre os desdobramentos do conflito entre Israel e Irã foi reforçado. Nesta quarta-feira (18), o aitolá Ali Khamenei, que foi diretamente ameaçado de morte por Donald Trump, reagiu também com palavras violentas e reacendeu a preocupação com o efeito de um eventual fechamento do Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do tráfego mundial da matéria-prima.
No final da manhã de quarta, a cotação do barril do tipo brent, principal referência global, não sobe muito (0,8%), mas os contratos para entrega em agosto estão no nível mais alto desde dezembro do ano passado, perto dos US$ 80, em US$ 77,12 no momento. Em relação ao preço mais baixo do ano, registrado no dia 5 de maio (veja gráfico abaixo) subiu 28,7% em pouco mais de um mês.
Khamenei disse que o Irã "não esquecerá o sangue dos mártires", referindo-se aos líderes militares e cientistas nucleares assassinados nos ataques, e avisou que não pretende ceder aos ultimatos de Trump:
— Aqueles que conhecem a história do Irã sabem que os iranianos não aceitaram a linguagem da ameaça.
Ehsan Khandouzi, ex-ministro da Economia do Irã, afirmou que navios petroleiros e os de transporte de gás natural liquefeito (GNL) só deveriam passar pelo Estreito de Ormuz com permissão do governo iraniano, e que essa política deveria ser implementada "a partir de amanhã (quinta-feira) por cem dias". Não é uma declaração oficial do governo, mas elevou o alerta.
— É do interesse de todos os países do Oriente Médio manter o Estreito de Ormuz aberto. Seria mutuamente benéfico para os EUA e seus aliados garantir que a hidrovia permaneça aberta. Isso evitaria interrupções nas exportações de GNL do Catar e dos Emirados Árabes Unidos, que representam 27% de todas as importações de GNL para a Ásia e 8,5% de todas as importações para a Europa, e evitaria picos de preços insustentáveis após um choque de oferta — avalia o analista sênior da da Rystad Energy Lu Ming Pang.
O analista considera "baixa" a probabilidade de interrupção, porque esse risco já subiu mas não se concretizou em episódios anteriores do conflito no Oriente Médio. Mas afirma que, dada a "gravidade significativa" de uma interrupção de 20% no fornecimento, seria "prudente considerar os riscos de entrega da região".