
A análise das economias regionais iniciada neste ano – foco foi no Sul por causa da enchente no RS – pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) aponta a força de um cultivo ancestral. Diante da estiagem do verão passado, foi a uva que "salvou a lavoura" no primeiro trimestre no Estado.
Segundo Juliana Trece, economista do Núcleo de Contas Nacionais e coordenadora do Monitor da Atividade Econômica da FGV Ibre, a economia gaúcha marcou passo no primeiro trimestre deste ano na comparação com igual período de 2024 – nas suas contas, a variação foi zero. O que evitou o resultado negativo foi a agropecuária, que subiu 2,7%, enquanto a indústria avançou 0,9% e os serviços recuaram 1,1%.
Outra vez, no entanto, enquanto o RS marcou passo, Santa Catarina (5,6%) e Paraná (5,9%) tiveram crescimentos expressivos no primeiro trimestre. Conforme o levantamento, a soja respondeu por quase metade do crescimento do valor adicionado da agropecuária paranaense (17,6%). Em SC, foi o fumo que inflou a alta de 12,3%. O estudo da FGV Ibre havia antecipado, no início deste ano, o "pibão" oficial gaúcho em ano de enchente.
Diferentemente do PIB nacional, a produção no campo influencia mais no resultado do PIB gaúcho no segundo trimestre de cada ano, graças à colheita da soja. No RS, porém, a estiagem do verão passado pesou no resultado. Por isso, guardadas as proporções, os gaúchos tiveram um trimestre de "sultans of grape" – como o país já foi o dos "sultans of soybens" no primeiro trimestre de 2023.
Conforme o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do IBGE, um dos indicadores verificados para avaliar a economia gaúcha, o aumento na produção de uva neste ano deve a alcançar 39,6%. O dado representa uma expectativa, mas como a safra deste ano já foi colhida, é uma perspectiva já confirmada.
É preciso lembrar, porém, que o efeito líquido (literalmente) dos vinhedos é menor do que o da soja no PIB gaúcho. Arroz e fumo também ajudaram a manter positivo o resultado da produção agrícola do Estado.
— O RS teve o resultado mais magro dos três Estados do Sul. O Paraná foi mais beneficiado pela produção de soja, e SC se destacou pelo fumo. No RS, a principal lavoura, que é a de soja, teve contribuição negativa — afirma Trece.