
Apesar do risco representado pelo confronto entre Israel e Irã para a economia brasileira – mais focado em inflação e juro –, o mercado financeiro no Brasil se comporta como se não existisse. E o principal motivo é o resultado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em abril. Isso que não é uma sinalização tão clara: se por um lado veio bem abaixo do mês anterior, por outro ficou acima da expectativa para o mês.
Entre o final da manhã e o início da tarde, o dólar cai cerca de 0,5% e a bolsa quase dispara (alta perto de 2%). Como nada está definido no cenário que se aproxima de uma guerra no Oriente Médio – nem a posição da maior potência militar do planeta –, o mercado escolheu "adivinhar" que o IBC-Br mostra desaceleração e pode evitar uma nova alta no juro na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira (18).
Sócio e economista chefe da G5 Partners, Luis Otávio Leal avalia que, de um lado, há uma política monetária já muito contracionista (elevada com objetivo de reduzir o ritmo da atividade) e várias incertezas no cenário internacional e, de outro, o mercado de trabalho apertado e o governo empenhado em sustentar a demanda agregada.
— É difícil saber qual das forças prevalecerá, mas uma desaceleração gradual da economia brasileira é um bom "chute educado". Os primeiros dados de atividade do segundo trimestre apontam para um desempenho mais ambíguo da economia.
O "chute educado" é uma versão à brasileira do "informed guess", ou seja, um palpite feito com algum nível de informação. Um dos sinais de que o mercado escolheu acreditar em uma parada no juro é a valorização de ações de empresas dependentes do mercado interno, como Magazine Luiza, que decola 5%, Assaí e Natura, que disparam 4% cada.
Ainda não se trata de consenso. Sara Paixão, analista de macroeconomia da InvestSmart XP, está entre os que ainda veem possibilidade de alta na Selic:
— No último comunicado, o Copom sinalizou como risco baixista a preocupação com redução na atividade econômica mais forte. Porém, os últimos dados de atividade econômica e mercado de trabalho reduzem esse temor, o que leva à expectativa de mais um aumento de 0,25% essa quarta.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo