
A nova desaceleração acima do esperado da inflação reforça a expectativa de viés de parada no juro básico. Não que o cenário esteja muito claro, dadas as idas e vindas do governo e do Congresso nas medidas para equilibrar as contas. Mas ao menos o comportamento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em maio deixou de ser fator de pressão para uma nova alta. O dólar recua mais 0,17%, enquanto a bolsa tem alta de 0,8% no final da manhã.
A elevação foi de 0,26%, para uma expectativa média ao redor de 0,35%. Além disso, o indicador mostra menor avanço em preços nos principais grupos monitorados pelo Banco Central (BC). Conforme Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, é "um fator positivo para a próxima reunião do Copom", nos dias 17 e 18. Sung lembra, ainda, que esse fator contrabalança os dados que mostram dados "mais resilientes" de atividade econômica.
É preciso observar que, apesar da desaceleração – de 5,53% para 5,32% –, a inflação acumulada no ano segue no patamar de 5%, acima da margem de tolerância. Mas o resultado já faz economistas reduzirem a projeção para o ano, o que tende a reforçar a postura do BC de manter o juro alto por mais tempo e abre espaço para evitar elevações adicionais.
Sócio e economista chefe da G5 Partners, Luis Otávio Leal, avalia que "dá esperança de que talvez o pior do processo inflacionário tenha ficado para trás". Também afirma que o resultado "reforça a percepção de que o Copom não vai elevar os juros na sua próxima reunião". Mas prevê a manutenção da Selic em 14,75% "até pelo menos o final de 2025", porque "se não parece mais necessário elevar os juros tampouco há espaço para quedas no curto prazo".
Igor Cadilhac, economista do PicPay, reduziu sua projeção para este ano de 5,6% a 5,3%. Ao justificar, aponta o câmbio como principal fator: na quinta-feira passada, o dólar voltou para o patamar abaixo de R$ 5,60, no qual não circulava desde outubro de 2024. Mas aponta "ambiente de deterioração fiscal" e menciona, como possível fator de baixa, o "cenário global menos favorável à atividade econômica, reflexo de choques no comércio internacional".