
Problemas emergenciais, como a rejeição ao aumento do IOF; temores futuros, como o de que a reforma tributária não represente a esperada simplificação, e os quase eternos desequilíbrio fiscal e Custo Brasil foram apontados entre os motivos pelos quais o Brasil é considerado “um país que não quer encontrar seu futuro”, nesta quarta-feira (4), em reunião-almoço da Federasul.
Representando a iniciativa privada, Joarez Piccinini, diretor de Relações Institucionais da Randoncorp, destacou o problema do aumento de gastos públicos no país e seus efeitos na economia. Reforçou que o desequilíbrio nas contas provoca "situação meio maluca", de um governo que, ao mesmo tempo, pisa no freio – com a elevação do juro – e no acelerador – com os programas de estímulo ao consumo.
— O Brasil gasta muito e gasta mal — resumiu.
Milton Terra Machado, vice-presidente jurídico da Federasul, classificou o uso arrecadatório do IOF como "agressão à regra tributária" – o imposto tem natureza regulatória – e expressou preocupação com a entrega de uma efetiva simplificação com a reforma tributária:
— Não há uma alma no Brasil que não queria uma reforma tributária, há promessa de que não haverá aumento de carga, mas o risco existe. É preciso evitar que haja apenas uma troca de complexidade.
O ex-governador Germano Rigotto, como estudioso de temas tributários, disse que a reforma segue em fase de aprovação – não está "pronta", portanto –,e não é a que ele gostaria, mas traz "mudanças enormes", com grande simplificação de processos.
— Um dos maiores problemas do Brasil é o excesso de gastos. Para resolver o problema do IOF bastaria tirar R$ 20 bilhões da previsão de emendas parlamentares no orçamento, que chega a R$ 60 bilhões, os R$ 50 bilhões previstos para este ano mais os R$ 10 bilhões que haviam sido represados pela Justiça no ano passado. Corte de despesa virou nome feio, mas sem responsabilidade fiscal não temos como avançar.



