
Mesmo sem a disparada no dia esperada por economistas e analistas do setor de óleo e gás, o barril de petróleo acumula aumento de 10,5% desde o início do ataque de Israel – e agora também dos Estados Unidos — ao Irã. No início da tarde desta segunda-feira (23), a cotação inverteu a alta da manhã e recua 0,5%, para US$ 76,66. Se considerado o piso recente, que tocou US$ 59,89 em 5 de maio, já é uma disparada de 28%.
No Brasil, o risco mais direto associado à alta do petróleo é o aumento do preço dos combustíveis. A Petrobras havia reduzido o da gasolina em 5,6% em 2 de junho, quando o barril era cotado a US$ 64,86. Nesse intervalo, a alta da matéria-prima é de 18% – sempre na comparação dom a cotação atual.
Diferentemente do que ocorre nos EUA, no Brasil os combustíveis não sobem assim que decola o custo do petróleo. A Petrobras já não baseia sua política de preços apenas na variação do tipo brent e do dólar, mas como qualquer empresa, também não pode deixar que se abra uma brecha muito grande entre seu custo e seu ganho. Mas de fertilizantes a roupas e maquiagem, passando por carros (não o uso, mas a produção) há vários preços que são pressionados pela alta do petróleo.
Fertilizantes
O petróleo é usado na produção de amônia e ureia, essencial para fertilizantes nitrogenados. As alternativas são os fertilizantes orgânicos, produzidos a partir de materiais de origem animal e vegetal, que são absorvidos mais lentamente, por isso menos valorizados.
Embalagens
Quase todo plástico usado em embalagens tem origem no petróleo, via nafta, principal matéria-prima da indústria petroquímica que produz diversas resinas para qualquer tipo de necessidade. Do finíssimo filme usado em alimentos ao bolha que envolve objetos frágeis, tudo vem do petróleo.
Produtos de limpeza
Detergentes, sabão em pó, desengordurantes e limpadores multiuso contêm derivados de petróleo, como surfactantes (dissolventes de gordura) e solventes. Também têm base fóssil polidores de móveis, ceras e sprays para limpeza de vidros.
Carros
O uso de componentes plásticos na montagem de veículos cresceu muito com a necessidade de baixar seu custo e seu peso – o que torna os modelos mais econômicos no uso de combustível. Vêm de fonte fóssil a de parachoques a revestimentos internos, do console às portas, passando pelo enchimento dos assentos. Existem iniciativas para substituir parte por fibras naturais, como as de coco, mas ainda são incipientes.
Roupas
Quase todos os tecidos sintéticos como poliéster, náilon, acrílico e spandex são derivados do petróleo. O mais usado, o poliéster, tem a mesma origem das garrafas PET: o ácido tereftálico (PTA), base de produção do politereftalato de etileno (PET).
Maquiagem
Vêm do petróleo vários componentes de produtos de beleza, como petrolato (vaselina), parafina e óleo mineral. Está no esmalte de unhas (solventes e plastificantes), nos batons (vaselina, óleos minerais e parafinas) e em grande quantidade de cosméticos para a pele e para o cabelo, como o petrolato. Existem várias alternativas a esse últimos no mercado, mas ainda poucas para esmalte e batom.
Chiclete
Pois é, a base da tal "goma de mascar", que dá consistência e elasticidade ao produto, era derivada de seivas de árvores, como o látex de seringueira, mas passou a ser feita a partir de resinas e parafinas... derivadas do petróleo.