
Em reação à entrada dos Estados Unidos na guerra, o parlamento do Irã aprovou, neste domingo, o fechamento do Estreito de Ormuz. A informação foi dada pela TV estatal iraniana. Não é uma decisão que entre em vigor de forma imediata: ainda precisa da chancela do Conselho de Segurança e do "líder supremo", o aiatolá Khamenei. Mas se só o temor de que a medida pudesse ser adotada já fez o petróleo encostar em US$ 80, a alta probabilidade da represália fará com que a cotação do barril teste máximas históricas.
Em março de 2022, o tipo brent encostou em US$ 140 com riscos ao abastecimento da Europa por sanções americanas aplicadas à Rússia em decorrência da invasão da Ucrânia. É claro que o preço não vai quase duplicar em um só dia – na sexta, havia parado em US$ 77,32 –, mas a pressão por alta está dada.
O ataque dos EUA a instalações nucleares do Irã ocorreu quando a principal bolsa de negociação de contratos futuros de óleo, a Intercontinental Exchange (ICE), de Londres, está fechada, mas há pouca dúvida sobre o que deve ocorrer na segunda-feira (23), quando abrir. Passa por Ormuz cerca de 20% de todo o petróleo que circula pelo mundo.
Não foi o Irã que Donald Trump enganou, na quinta-feira passada (19), quando afirmou que decidiria a entrada dos Estados Unidos em guerra somente em duas semanas. Levou o mercado a baixar a guarda e aliviar a proteção, com baixa ao redor de 2% na sexta-feira (20). Se a credibilidade do senhor do tarifaço – e agora, da guerra – já era baixa, vai, por sua vez, alcançar mínimas históricas.
E como Trump ameaçou, em uma publicação na sua rede social, que "qualquer retaliação do Irã contra os EUA será respondida com uma forma muito maior do que foi testemunhada" na noite de sábado (veja acima), os desdobramentos são imprevisíveis. O fechamento de Ormuz não é uma retaliação armada, nem direta. Mas quem pode confiar no atual senhor da guerra?