
O aumento de 0,8% nas vendas do varejo em março, apesar de ainda bastante positivo, veio abaixo do esperado. A expectativa era algo perto de 1%, mesmo nível de crescimento de igual mês em 2024. Esse é um dos indicadores que influem na baixa no dólar, que no meio da manhã tem oscilação de -0,3%, para R$ 5,61.
Como ficou abaixo do esperado e menor do que o mesmo período do ano anterior, o resultado é visto no mercado como um sinal de desaceleração do setor. Nesse momento, também reforça a percepção do mercado de que o Banco Central pode sustentar um "viés de parada" no ciclo de alta do juro.
Também reitera as projeções de desaceleração do PIB neste ano, com maior ênfase a partir do segundo semestre. Na quarta-feira (14), a alta de 0,3% no resultado do setor de serviços também havia sido interpretada como sinal de desaceleração, porque o resultado do primeiro trimestre mostrou recuo de 0,2% ante o período anterior. Foi a primeira retração trimestral desde o início de 2023.
Na ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), apareceu um trecho maior do que o usual dedicado ao mercado de trabalho. Os diretores do BC lembraram que os altos níveis de emprego têm "contribuído, ao longo dos últimos anos, para o dinamismo de atividade", tanto "do ponto de vista de renda, com ganhos reais acima da produtividade", quanto a taxa de desemprego em "níveis historicamente muito baixos".
Mas advertiram que "a inflexão no mercado de trabalho também é parte do mecanismo de política monetária e deve se aprofundar ao longo do tempo, de modo compatível com um cenário de política monetária restritiva". Inflexão, como se sabe, é mudança de direção.
Como se sabe, na economia e na vida, a realidade nem sempre se comporta conforme a expectativa. Ao menos neste momento, a projeção de que a atividade vai desacelerar é dominante tanto no BC quanto no mercado financeiro.