
Se na quinta-feira (15) chegou ao fim a maior disputa entre empresas da história recente do país, também foi anunciada uma nova megafusão no setor de proteína animal. As gigantes Marfrig e BRF – resultado de outra combinação de negócios, em 2009 – vão formar a MBRF Global Foods Company, que representa receita líquida anual de R$ 152 bilhões.
O anúncio foi feito na véspera da confirmação oficial do primeiro foco de influenza aviária em granjas comerciais do Brasil, um risco para o setor da avicultura e, por extensão, às empresas que processam e exportam carne de frango e ovos, caso especialmente da BRF – a Marfrig é mais concentrada em carne bovina.
A fusão entre Sadia e Perdigão, que gerou a BRF, ocorreu depois de um período de forte crise internacional, na época o estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos. O negócio também foi uma forma de fortalecer as empresas, que na época ficaram expostas a operações com derivativos de câmbio, impactadas pela turbulência financeira.
O anúncio oficial foi feito na noite de quinta-feira (15), depois do fechamento do mercado financeiro. O comunicado costuma ser a parte final de uma longa fase de negociação, mas também o passo inicial de um longo processo de aprovação, especialmente no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Nessa etapa, são examinados aspectos de concentração de mercado, que obviamente ocorre no caso dessa transação.
Do ponto de vista da defesa da concorrência, o que atenua o impacto do negócio é o fato de a Marfrig ter foco em carne bovina, com exportações sobretudo para os Estados Unidos, enquanto a BRF tem maior atuação em aves e suínos, com grande fatia de mercado na Ásia e no Oriente Médio.
É bom lembrar que o negócio ocorre em plena crise dos ovos nos Estados Unidos, causada pela gripe aviária agora confirmada em negócios de criação de animais com finalidade comercial no Brasil. E em meio à guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos – apenas por coincidência, a mesma origem do foco no Rio Grande do Sul. Há expectativa de que o acionamento dos protocolos sanitários contenham o contágio, mas o risco aumentou.