Por fora, o prédio não dá pistas sobre sua função. São volumes que alternam simetria e assimetria, com luzes que acentuam as diferenças à noite. Por dentro, um dos primeiros ambientes é uma "cascata" sobre degraus irregulares de pedra. Em seguida, vem uma vasta estante cheia de livros. É um museu? Uma galeria? Um conceito?
É uma flagship (ou loja-conceito) da Florense, grife gaúcha de móveis, que se torna também a única unidade da marca em Porto Alegre. Será aberta na próxima terça-feira (27), com projeto do arquiteto Guilherme Torres, em colaboração com o Studio Florense e sob a coordenação de Roberta Castellan, diretora criativa da marca e terceira geração da família no comando da empresa.
A coluna fez uma pré-estreia no local com direito a visita guiada por Guilherme e Roberta. Conforme a diretora criativa, a construção na Rua Quintino Bocaiúva – conhecido polo de decoração da Capital – foi pensada tanto como showroom da Florense quanto ponto institucional de boas-vindas a visitantes nacionais e internacionais.
Guilherme afirma que o pedido de um espaço com essas características, além da ligação afetiva da empresa com Porto Alegre, o levou a criar um projeto com ambição de "museu gráfico":
— Tem uma pegada museológica como se o móvel fosse elevado a obra de arte.
Os móveis estão organizados em poucos ambientes: um espaço social "masculino" – que inclui cozinha – e um íntimo "feminino" (sem qualquer tom de rosa) do presente, um bistrô destinado a convidados que remete ao passado com inspiração franco-italiana e uma cozinha que leva ao futuro.
Um dos equipamentos tem design da italiana Pininfarina, famosa pelas criações das Ferrari. É um bar "escondido", que se ergue com a passagem de mão no tampo.
— Em vez de 600 modelos de cozinha, mostramos dois. Há certa teatralidade no ambiente, então não é um showroom convencional — diz Roberta.
A profissional divide o comando da empresa com os primos Mateus (CEO) e Felipe Corradi (diretor industrial), netos de Ângelo, o cunhado que foi sócio de Lourenço Castelan, fundador da Florense.
— Meu avô tinha três preocupações: que seu netos não soubessem fazer conta, que não fossem inteligentes e que não gostassem de trabalhar. Temos um processo de sucessão que dá oportunidade de atuar na empresa, desde que faça algo pela Florense.