
Depois de alcançar a mínima de R$ 5,645 durante o dia, o dólar moderou a queda diante do agravamento do impasse em torno ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Fechou com leve baixa, de 0,5%, para R$ 5,666. Pela manhã, já havia estresse com a combinação do ultimato do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de segurar só por 10 dias a tentativa de derrubar o decreto que elevou as alíquotas, à declaração do ministro da Fazenda, de que não havia alternativa.
À tarde, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, afirmou que uma eventual derrubada do decreto que aumentou o IOF comprometeria todo o Minha Casa, Minha Vida, mais investimentos do Ministério da Defesa. No entanto, afirmou que a equipe econômica vai buscar, em 10 dias, "construir uma solução, para dar uma resposta à altura do problema".
Afirmou, no entanto, que essa saída teria "soluções estruturais para a situação fiscal que o país enfrenta". Segundo Haddad, foi o que pediram Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Detalhe: em dezembro passado, o presidente Lula e os ministros palacianos fecharam a porta para as "soluções estruturais". É o impasse do impasse.
Motta pediu a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas discussões sobre uma alternativa ao aumento de IOF. Também apontou opções, como revisão dos benefícios fiscais – tão polêmica quanto aumento de imposto – e a taxação das apostas esportivas para compensar a eventual revogação do reajuste do IOF. Alertou, ainda, que que seria um "equívoco" o governo recorrer ao Judiciário para sustentar a medida em caso de derrubada no Congresso.
E depois que voltou com força a especulação sobre perda de força de Haddad no governo, o ministro acompanhou Lula em evento de entrega do Programa Terra da Gente em Ortigueira (PR). Acabou desabafando:
— Servir ao governo do presidente Lula é sempre uma coisa interessante. Por mais que você sofra com o tanto que você é criticado (...), tem o dia de hoje para apagar todo o sofrimento e a gente celebrar a vida de vocês.
Lula entendeu e fez um afago:
— Quando a gente tem gente competente para sentar numa mesa e fazer negociação, a gente consegue muitas coisas nesse país. (Jorge) Messias (ministro-chefe da AGU) e Haddad estão de parabéns por isso.