
Em nível histórico de 140 mil pontos, o principal índice da bolsa brasileira (B3), o Ibovespa, está ganhando de boa parte de seus pares no mundo neste ano. Por muito pouco não garantiu o melhor desempenho entre as maiores: com avanço de 27% em dólares, ficou atrás só da bolsa mexicana (27,2%) entre os índices acionários de 11 regiões emergentes e desenvolvidas.
O levantamento é da XP e considera até o fechamento de segunda-feira (19), quando o Ibovespa havia registrado 139.636 pontos. Em cálculo da coluna já considerando a sessão desta terça-feira (20), em que a bolsa brasileira teve nova alta de 0,34%, para o patamar inédito de 140.109 pontos, o índice sobe 18,2% em reais neste ano.
O desempenho é mais favorável do que o das bolsas americanas, por exemplo, que andaram de lado até segunda-feira, como sintoma da política tarifária de Donald Trump. O índice mais tradicional (DJIA) oscila 0,6% para cima, o mais abrangente (S&P 500), 1,4%, e a Nasdaq, de tecnologia, 2,1%.
Entenda o recorde
Um desempenho tão positivo em um cenário desafiador não tem só um motivo. O que chama a atenção do estrategista de ações da XP, Raphael Figueredo, é que o Brasil tem se posicionado como um dos vencedores do atual cenário global, marcado pela guerra comercial.
— A posição favorável tem atraído fluxos dentro do movimento de rotação global e repatriação de capitais para mercados emergentes, com investidores estrangeiros aproveitando também o diferencial de juros — afirma Figueredo.
A leitura de que o ciclo de alta de juro deve estar próximo do fim e a trégua entre Estados Unidos e China também contribuem para um maior alívio no mercado financeiro, turbinando a bolsa da valores brasileira. Figueredo ainda pontua que a base comparativa do início deste ano é baixa.
— Encerramos novembro e dezembro de 2024 em níveis muito depreciados, resultado tanto de vendas por investidores locais quanto por saídas de capital estrangeiro.
*Colaborou João Pedro Cecchini