
Entre operações de crédito e doações, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Mundial e Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) aportaram ao menos R$ 3,4 bilhões para ajudar a reconstruir o Rio Grande do Sul depois da enchente de maio de 2024 (veja detalhamento abaixo). O valor é menor do que o anunciado pelas três instituições no ano passado, de R$ 10 bilhões.
A maior parte do valor corresponde a financiamentos, ou seja, são recursos que terão de ser devolvidos, ainda que a juro baixo. Em resposta a consulta da coluna, o BID afirma ter liberado cerca de R$ 2,4 bilhões (ou US$ 421 milhões) para empréstimo, dos quais 74% para o governo do Estado, como apoio à gestão fiscal, e o restante para o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), para crédito a micro, pequenas e médias empresas.
Já o Banco Mundial diz ter destinado cerca de R$ 585 milhões (US$ 102,55 milhões dos US$ 125 milhões anunciados no ano passado) para projetos de resiliência urbana e de revitalização da área central de Porto Alegre. O CAF também fez empréstimo para prefeitura da Capital, no valor de R$ 456 milhões (US$ 80 milhões). Os recursos serão aportados para fortalecimento da cidade contra novos desastres naturais.
— Trabalhamos lado a lado com governos locais e estaduais para estruturar soluções concretas, que vão desde o fortalecimento da infraestrutura urbana até medidas para mitigar riscos climáticos e proteger a população mais vulnerável — afirma a representante do CAF no Brasil, Estefanía Laterza, em nota à coluna.
A coluna fez contato com o New Development Bank (NDB), conhecido como banco dos Brics, mas não obteve retorno até a publicação desta nota. A instituição havia anunciado financiamento de R$ 5,7 bilhões ao Estado em maio de 2024.
Abaixo do disponibilizado
Em nota à coluna, o BID afirma que um novo pacote de R$ 568 milhões (US$ 100 milhões) deve ser destinado à prefeitura de Porto Alegre “nos próximos meses”, para investimento em infraestrutura social, como recuperação de escolas.
O Banco Mundial, por sua vez, havia mencionado, em maio de 2024, que cerca de R$ 710 milhões (US$ 125 milhões) poderiam ser mobilizados para ajudar o Estado pós-enchente. Do total, R$ 585 milhões (US$ 102,55 milhões) foram repassados.
Também em nota à coluna, a instituição destaca que “a decisão de utilizar os fundos coube e cabe, em última instância, aos governos estaduais e municipais, com base em sua avaliação da situação e suas prioridades”.
Aprovado em abril deste ano, um novo projeto de cerca de R$ 2 bilhões (US$ 359,6 milhões) do Banco Mundial deve apoiar o governo do Estado na construção de sistemas e infraestrutura para mitigar efeitos de futuros eventos extremos e no uso mais eficiente dos recursos públicos.
O CAF havia disponibilizado R$ 3,8 bilhões (US$ 746 milhões), e foram repassados ao menos R$ 456 milhões ao setor público. Os valores restantes ou não foram utilizados ou foram liberados para instituições privadas, o que o CAF opta por não informar publicamente.
Doações
Além dos financiamentos, os bancos multilaterais doaram R$ 7,5 milhões para o Estado. A maior parte veio do BID (R$ 4,9 milhões), que fez um estudo, com Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e Banco Mundial, sobre o efeito econômico da enchente, que aponta perda de R$ 88,9 bilhões por danos da cheia.
Outros R$ 2,6 milhões (US$ 450 mil) foram repassados, a fundo perdido, pelo CAF para Caxias do Sul e para a Defesa Civil do Estado.
BID
- R$ 2,4 bilhões | Financiamento para o governo do Estado e apoio a micro, pequenas e médias empresas
- R$ 1,1 milhão | Doação à Defesa Civil do Estado
- R$ 3,8 milhões | Doação de estudo para avaliação dos danos da enchente, com Cepal e Banco Mundial
- R$ 568 milhões | Novo pacote que deve ser destinado à prefeitura de Porto Alegre nos próximos meses, para infraestrutura social
Banco Mundial
- R$ 585 milhões | Recursos liberados para projetos de resiliência urbana e de revitalização da área central de Porto Alegre
- R$ 2 bilhões | Projeto aprovado para financiar o governo do Estado em ações de mitigação contra eventos extremos e de uso mais eficiente dos recursos públicos
CAF
- R$ 456 milhões | Financiamento para prefeitura de Porto Alegre fortalecer a cidade contra novos desastres
- R$ 2,6 milhões | Cooperação técnica à fundo perdido para Caxias do Sul e para Defesa Civil do Estado
*Colaborou João Pedro Cecchini