
Como a coluna já relatou, um dos motivo para a decisão de reduzir o acesso à cidadania italiana a descendentes de várias gerações era a combinação entre a incapacidade de os consulados atenderem à grande procura e a inundação de ações na Justiça italiana. Foi assim que o projeto limitador do governo de Giorgia Meloni foi aprovado no Senado e na Câmara.
O problema é que, ao traçar a linha de corte, o ponto foi alto demais. Ao restringir atendimento aos que já apresentaram documentos – não aos milhares que aguardavam para ser chamados para apresentá-los –, abre-se novo risco.
Quem esperava na fila por um atendimento não prestado pelos consulados poderão criar uma nova onda de ações judiciais, com evidências suficientes que haviam começado o processo de alguma forma antes da mudança da lei.
E embora tenha impactado vários países – a vizinha argentina tem uma importante imigração italiana –, no Brasil a data da aprovação da restrição na Câmara dos Deputados foi simbólica, por ter ocorrido no mesmo dia em que se comemora formalmente os 150 anos do início da chegada ao Brasil de italianos praticamente expulsos de seu país por pobreza e instabilidade política.