
Principal destino das exportações brasileiras de produtos químicos — boa parte fabricada no polo petroquímico de Triunfo, os Estados Unidos até devem receber mais envios do setor, mas não em número expressivo, avalia o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro.
Ainda que tarifa adicional de 10% aplicada ao Brasil seja menor do que a imposta aos concorrentes asiáticos, como a China, que será sobretaxada em 34%, os produtos químicos brasileiros tendem a não ganhar competitividade suficiente para superar a concorrência no mercado americano.
— Até pode ser que o Brasil tome alguma fatia de mercado, mesmo que não muito significativa, do produtor asiático. Acho muito difícil, porque os produtos asiáticos são muito baratos do que os brasileiros em geral, com os químicos não é diferente — diz Passos Cordeiro.
A Abiquim estima que o Brasil exporta cerca de US$ 2,4 bilhões em produtos químicos por ano para o mercado americano. O presidente-executivo da entidade, no entanto, chama a atenção para a via contrária: as mercadorias que entram no mercado brasileiro.
— Outra possível repercussão é um eventual aumento das importações, com a China usando o mercado brasileiro para bater nos americanos. A China vem para cá, baixa ainda mais o seu preço e tira exportações dos EUA. O Brasil tem de prestar atenção para não agravar o cenário. Quem sofre é o produtor brasileiro.
Em setembro, o governo brasileiro já havia elevado o imposto de importação de 30 produtos químicos para 20%. A Abiquim ainda sugere o aumento de tarifa do estireno, que é fabricado no Estado.
— Precisa respirar fundo e manter a guarda levantada. Não pode recuar, não pode achar que baixando o imposto de importação vai resolver o problema com os americanos. Pode até piorar, porque pode facilitar a entrada dos produtos chineses.
*Colaborou João Pedro Cecchini