As duas principais notícias da manhã desta sexta-feira (29) na economia estão conectadas. A menor taxa de desemprego da atual série histórica, de 6,2%, contribui para que o dólar seja cotado a R$ 6,11, a maior cotação nominal da história da moeda.
Como assim? Na visão dominante do mercado – há exceções que viram notícia, como a economista gaúcha Carla Argenta –, quando o mercado de trabalho está aquecido, há mais risco de aumento da inflação.
É por esse motivo que o dólar subiu várias vezes, neste ano, depois de dados de mercado de trabalho aquecido nos Estados Unidos, porque "atrapalhava" a perspectiva de redução de juro por lá.
É cruel, insensível, absurdo? Pode ser. Mas para a maioria no mercado, funciona assim. E também é claro que a maior aceleração do dólar ainda vem da decepção com as medidas de corte de gastos associadas à antecipação de anúncios que não precisavam ser feitos agora. Mas o desemprego baixo tem seu peso.
Até o calendário pesa na alta dólar: esta sexta-feira (29) é o último dia útil do mês, quando é fechada a taxa Ptax, referência para contratos cambiais de mercadorias e derivativos. Como sempre ocorre, há muita especulação entre quem vai ganhar e quem vai perder com a cotação.
No final da manhã, o dólar volta para abaixo de R$ 6, com o mercado atribuindo o movimento a declarações dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) sobre a tramitação do pacote.