A informação estava perdida no meio de uma reportagem da Folha de S.Paulo sobre empresas centenárias do Brasil: Clovis Tramontina vai se aposentar.
A coluna foi checar a informação e recebeu a confirmação: a mudança no comando está prevista para dentro de um ano, em 1º de maio de 2022, quando a empresa completa 111 anos.
O que a coluna apurou é que o sucessor de Clovis no comando da empresa será indicado pela família Scomazzon, que divide o controle da indústria fundada em 1911. Pelo acordo, a partir de 2022 cada família vai ocupar a presidência por três anos., de forma alternada. Aos 66 anos, o empresário que deu rosto à marca vai deixar o cargo em fase de crescimento nunca visto na história da Tramontina, que tem 9 mil funcionários e 10 fábricas no Brasil, além de exportar para 120 países.
Conforme a coluna registrou, o faturamento teve salto de 39% em 2021, chegando a R$ 8,3 bilhões, 39% acima do registrado no ano anterior. O resultado, que se deve à corrida ao consumo de produtos para a casa durante a pandemia, tornou-se público na convenção com representantes da marca, no início do ano. Na ocasião, a última aparição pública do empresário, ele já fez a provocação que, agora, virou meta:
– Mudamos de patamar. Imagina que, em 2001, nosso sonho era faturar um R$ 1 bilhão e, hoje, nossa meta para 2021 é chegar a R$ 9,4 bilhões, 20% a mais do que no ano anterior. Mas para quem sonha, por que não imaginar que podemos chegar a R$ 10 bi?
Esse resultado ajudou a empresa a garantir um financiamento de R$ 304,4 milhões no BNDES para expandir as fábricas até 2023, ou seja, o ano seguinte ao da "aposentadoria" de Clovis. Ainda não está definido se ele segue no conselho de administração. À Folha, o empresário afirmou que "a pandemia mostrou que tudo tem limite":
– Eu tenho um problema de saúde e chegou o momento de me aposentar. Será o início de um novo ciclo. Tanto os meus filhos como os dos meus sócios estão preparados.
Clovis está isolado em sua casa em Xangri-Lá. À coluna, em julho do ano passado, havia comentado sobre seus cuidados durante a pandemia:
– Trabalho em home office desde o início da pandemia porque integro duas categorias do grupo de risco: tenho 65 anos e uma doença neurológica, esclerose múltipla. Faço parte do Comitê Gestor de Crise da Tramontina e tenho um escritório em casa.