
Não há milagre no crescimento do Marrocos no cenário das seleções. Há trabalho, organização e investimento. Por isso, o Marrocos surpreendeu o mundo ao chegar à semifinal da Copa de 2022, no Catar, e encara a Argentina na final do Mundial Sub-20 neste domingo (19).
Todo esse crescimento está ligado à academia Mohamed VI. O nome homenageia o criador do projeto, o Rei Mohamed VI, que assumiu o trono em 1999, depois da morte do seu pai por problemas cardíacos.
Mohamed é reconhecido pelos projetos audaciosos e pela abertura. Em 2009, ele criou uma academia para formação de jogadores inspirada em Clairefontaine, o centro francês que moldou a seleção campeã em 1998 e vem guiando o futebol no país.
O projeto real marroquino espalhou olheiros pelo país, principalmente em jogos escolares, para buscar jovens talentos. Convidados para treinar e viver na academia, eles obedecem a uma rotina que inclui estudos, treinamento, capacitação física, orientação psicológica e uma formação completa que os prepara para alçar voos em grandes mercados da Europa.
O projeto custou 140 millones de dírhams, algo como 12,6 milhões de euros. Tudo financiado pela coroa marroquina. Mohamed VI nomeou Nasser Larguet como administrador da academia. Larguet trabalhou na base de clubes franceses como Rouen, AS Cannes, SM Caen e Estrasburgo.
A infraestrutura oferece 10 campos de futebol em 17 hectares e alojamento para 100 jovens dos 13 aos 18 anos. O mapa dos talentos monitora as principais cidades do país, como Tanger, Fez, Agadir e Rabat, e alguns países da Europa, onde estão filhos da diáspora que tem 5 milhões de marroquinos fora do país.
A seleção sub-20 que foi primeira colocada em grupo que tinha Espanha e Brasil e deixou a França pelo caminho tem como destaque quatro jogadores saídos da Mohamed VI: Fouad Zahouani, Houssam Essadak, Yassir Zabiri e Yassine Khalifi. Zabiri fez gol no Brasil e conta três neste Mundial. Como se vê, a bola não entra mesmo por acaso no futebol. É preciso trabalhar para ela.




