
Grandes enchentes atingiram o Rio Grande do Sul em agosto de 1965. Muitos moradores, ainda com as lembranças de 1941, temiam a repetição daquela tragédia. Mesmo não atingindo o nível da enchente histórica, Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e outras cidades tiveram problemas. A forte chuva prejudicou também a operação de ônibus, trens e linhas telefônicas no Estado.
Em 18 de agosto, Zero Hora publicou alerta do Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS) para possibilidade de grave enchente em Porto Alegre. A chuva causou problemas primeiro no Interior. O Rio Taquari tomou cidades construídas em suas margens. O Rio Uruguai arrastou 100 casas em Marcelino Ramos.
Enquanto parte do Estado enfrentava as enchentes, outras regiões tiveram uma histórica nevasca.
Porto Alegre
O Guaíba começou a invadir, na noite de 20 de agosto, a Avenida Praia de Belas, em Porto Alegre. A Rua José de Alencar ficou inundada até a esquina da Rua Silveiro. A Brigada Militar auxiliou na retirada de moradores de prédios. Na região das ilhas, a água já atingia 1,5 metro em algumas casas.
Na Zona Norte, moradores precisaram sair de casa na Vila Elisabeth, no bairro Sarandi. Escolas foram abertas para abrigar os flagelados. Em 22 de agosto, a cidade somava 7 mil pessoas em abrigos, incluindo 3 mil removidas de Canoas.
O governo do Estado requisitou o prédio destinado ao Hospital de Clínicas, que recebeu mais de 2 mil flagelados nos dias seguintes. No 4º Distrito, novamente as ruas ficaram inundadas. Na Rua Frederico Mentz, em frente às fábricas da Renner e da Rio Guayba, a água subiu 50 centímetros. Na Rua Voluntários da Pátria, houve alagamento. Uma locomotiva saiu dos trilhos.
Canoas
Em Canoas, a situação foi mais grave. Metade da população foi considerada flagelada, mais de 45 mil pessoas. No total, 10 mil encontraram abrigo em 18 postos de emergência montados pela prefeitura.
O bairro Mathias Velho foi o mais prejudicado. Casas desapareceram sob a água, moradores se refugiaram em telhados e animais foram perdidos.
A água transbordou no dique da Mathias Velho, que estava em construção. O cenário era dramático: famílias inteiras resgatadas por barcos, vacas amarradas em árvores à espera da morte e pessoas bebendo a água da enchente para sobreviver.
São Leopoldo
Em São Leopoldo, a enchente do Rio dos Sinos deixou cerca de 25 mil pessoas desabrigadas. O centro da cidade ficou debaixo d’água, com até 1,5 metro de altura. As fábricas também foram gravemente atingidas. Nos bairros Campina, Santos Dumont e Rio dos Sinos, a população teve que ser evacuada rapidamente.
Solidariedade
A tragédia mobilizou forças de segurança, voluntários e entidades civis. A Viação Férrea levou alimentos, leite em pó e vacinas para cidades isoladas. Clubes de serviço, igrejas e governos estrangeiros, como o consulado do Uruguai, ofereceram doações.
Apesar da ajuda, o sofrimento era visível em filas diante dos postos de emergência, em moradores que tentavam salvar móveis encharcados e em famílias que, mesmo tendo perdido tudo, agradeciam por estarem vivas.
As águas recuaram lentamente, mas os prejuízos ficaram.



