
O avião Constellation da Panair oferecia uma viagem rápida entre Rio de Janeiro e Porto Alegre. Os passageiros chegavam ao destino em apenas três horas, sem escala. Em 28 de julho de 1950, o moderno avião deveria partir de manhã do Aeroporto do Galeão. Em viagem atrasada, a aeronave de prefixo PP-PCG só decolou às 15h30. O Constellation não chegaria ao destino. No início da noite, bateu em morro de Sapucaia do Sul.
O acidente foi a maior tragédia aérea até então no Brasil. Morreram 51 pessoas, sendo sete tripulantes e 44 passageiros.
Em março de 1949, a companhia aérea inaugurou a rota para Porto Alegre com o Constellation. Nas sextas-feiras, a Panair fazia a viagem saindo do Rio de Janeiro, transportando turistas e pessoas que estavam a trabalho na capital federal. Devido ao tamanho da aeronave, os pousos ocorriam no aeródromo de Gravataí, denominação da Base Aérea de Canoas na época.
Um relatório do Ministério da Aeronáutica, publicado um mês depois, apresentou o resultado da investigação sobre a tragédia. O piloto do Constellation L-049 era Eduardo Martins de Oliveira, célebre figura da boemia carioca.
A viagem transcorreu normalmente até a aproximação da capital gaúcha. Em Porto Alegre e Canoas, chovia no início daquela noite de inverno. Às 18h15, em comunicação com Porto Alegre, a tripulação da Panair pediu para começar a baixar.
Às 18h58, o piloto solicitou para passarem a frequência de Canoas "visto estar com referências visuais do terreno". Em seguida, relatou que não conseguia escutar Canoas, apesar de várias chamadas. O relatório da investigação cita que a torre "estava em pane em virtude de avaria em microfone e um pré-amplificador".
A comunicação continuou apenas com o aeroporto de Porto Alegre, no bairro São João. Às 19h09, a tripulação informou que não via as luzes da pista de Canoas, mas foi avisada de que estavam acesas.
Às 19h15, o comandante pediu orientações para pouso, já que reconheceu o campo da cidade. Recebeu autorização e fez aproximação para a pista, mas, "ao acender os faróis, logo notou formação de bruma ou nevoeiro fraco". Ele fez curva à esquerda e tentou outra aproximação, sem visibilidade novamente.
Depois de duas tentativas de pouso, o Constellation, às 19h20, avisou à torre de Porto Alegre que não conseguiria descer. Logo, recebeu instrução para "manter 600 metros no bloqueio e aguardar".

Quando começou a subida, estava muito próximo do Morro do Chapéu (Morro das Cabras). O choque ocorreu por volta das 19h25. Em pouco tempo, começou a mobilização de moradores da região, bombeiros, Brigada Militar, Exército e Força Aérea Brasileira para o resgate. Nos destroços do avião, ninguém sobreviveu.

A investigação oficial apontou que, "tendo em vista o estado da aeronave, as condições meteorológicas reinantes, e não haver estado de emergência a bordo, o presente acidente deve ser classificado como falha pessoal". O relatório cita que "não houve infração dos regulamentos existentes, pois a aeronave acidentou-se em altura (240 metros) que demonstra estar subindo ao menos para 600 metros, altura de segurança nesta região". O texto cita que houve "atraso no início da subida". Como causas indiretas, foram apontadas questões como o mau funcionamento da torre de Canoas e o mau estado da pista quanto ao balizamento noturno.
Dois dias depois, o Rio Grande do Sul teve outro acidente aéreo, quando morreu o ex-senador e ex-ministro Joaquim Pedro Salgado Filho, homenageado no nome do aeroporto de Porto Alegre.

Exposição
O Museu Histórico de Sapucaia do Sul montou a exposição infográfica Os 75 Anos da Queda do Constellation da Panair do Brasil em Sapucaia do Sul. A visitação gratuita ocorre até o dia 19 de agosto, de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.
Com materiais publicados pela imprensa na época, fotos e pesquisa, a exposição resgata a história do acidente. O museu fica na Avenida João Pereira de Vargas, 2843, em Sapucaia do Sul.





